Filipinos tentam deixar cidade devastada pelo Haiyan
Cinco dias após a passagem do Haiyan, um dos mais poderosos tufões que atingem a Terra, com ventos de mais de 300 quilômetros por hora, alguns filipinos causaram um tumulto pela manhã no aeroporto, implorando para embarcarem em um dos raros aviões que deixam a cidade.
“Entram todos em pânico. Dizem que não há comida, que não há água e querem partir”, disse o capitão Emily Chang, um médico militar que tenta tratar os feridos no complexo do aeroporto.
O secretário do Governo René Almendras explicou que o recolhimento dos corpos foi suspenso porque as autoridades ficaram sem sacos para os cadáveres. “Agora temos 4 mil sacos. Esperamos que sejam mais que os necessários”, destacou.
O último balanço provisório do governo, contabiliza 2.275 mortos e 80 desaparecidos. As autoridades anunciaram que oito pessoas morreram ontem em decorrência de um desabamento de parede de um armazém de arroz que estava sendo saqueado pela multidão em Alangalang, a 17 quilômetros de Tacloban.
Os ladrões fugiram com mais de 100 mil sacos de 50 quilos de arroz cada, disse Rex Estoperez, porta-voz da Autoridade Nacional de Alimentação. A Organização Mundial da Saúde alertou contra os riscos de doenças causadas pela água contaminada.
Apesar das promessas de donativos da comunidade internacional, a ajuda tem chegado a “conta-gotas”, destacou Estoperez. As autoridades asseguraram que todas as estradas foram desimpedidas nas duas ilhas mais afetadas pelo tufão, Leyte e Samar (Centro-Leste das Filipinas), para facilitar o encaminhamento da ajuda à população.
No total, a Organização das Nações Unidas (ONU) calcula que mais de 11 milhões de habitantes, ou seja, mais de 10% da população filipina foram afetados pela catástrofe, entre os quais 673 mil deslocados.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que cerca de 3 milhões de pessoas perderam temporariamente ou permanentemente o seu sustento. Para evitar os saqueadores, foi instaurado o toque de recolher obrigatório em Tacloban, capital da província de Leyte, e centenas de soldados e de policiais foram destacados para assegurar a segurança de toda a cidade.
A preocupação também é grande em relação a algumas ilhas mais afastadas, disse Patrick Fuller, porta-voz regional da Cruz Vermelha Internacional. Para ele, “levará dias, senão semanas, para se ter uma imagem precisa da situação”.