Foto com adolescente seminua gera guerra interna no New York Times
Um ensaio fotográfico no famoso suplemento de modas T, do New York Times, no qual uma modelo de 17 anos apareceu seminua, provocou uma guerra interna no jornal americano, com o ombudsman do periódico de um lado defendendo a moral, e do outro o responsável da revista lutando pelos valores da arte. O caso, que começou no último domingo com uma coluna do ombudsman, Clark Hoyt, é a fofoca dos meios de comunicação do país, e continua aparecendo nos canais de notícias.
Hoyt, um respeitado prêmio Pulitzer, criticou no domingo a decisão do suplemento de publicar as provocativas imagens do fotógrafo italiano Paolo Roversi, nas quais se pode ver a modelo Ali Michael, de 17 anos — mas “que parece mais nova”, em sua opinião — posando seminua, deixando aparecer parte de seus seios em uma das fotos.
O suplemento, que tem 15 edições anuais, é coisa séria: arrecada entre US$ 4 milhões e US$ 5 milhões em publicidade, e é considerado um dos principais guias do “viver bem”, freqüentemente com luxo, nos Estados Unidos. Mas Hoyt não se importou com isso no momento de atacar a edição de dezembro.
O ombudsman (figura criada em 2003 depois de um escândalo que levantou suspeita sobre a integridade do jornal mais influente do país) decidiu intervir depois de receber cartas de leitores escandalizados, segundo os quais o seio de Ali é um exemplo de pornografia infantil, inaceitável para os padrões do NYT.
Em um memorando, o diretor de T, Gerald Marzorati, lhe respondeu que o suplemento é a galinha dos ovos de ouro:
— Um produto que une beleza, sensualidade, luxo e, Deus nos perdoe, lucros, o que a seus olhos ofende o código jornalístico do New York Times. Os defensores da moral são os mesmos que há cem anos teriam desmaiado diante de um nu de Renoir.
O ensaio de Roversi, um italiano que vive em Paris, recebeu aprovação do diretor do New York Times, Bill Keller, que o revisou sem registrar o potencial problema.
— Acho que as fotos são aceitáveis em uma revista vanguardista de moda — defendeu Keller, mas sem convencer nem Hoyt nem o vice-diretor para a Ética, Craig Whitney, que definiu as imagens como “vulgares” e disse que se tivesse visto antes teria pedido ao diretor para não as publicar.