Google não teme competição de mecanismos de busca

O lançamento recente de novas ferramentas de busca online pelos principais adversários do Google, a Microsoft e o Yahoo!, não abala a confiança da gigante de internet em sua liderança nesse mercado. Ainda assim, todo o cuidado é pouco, e a superpotência da internet continua acumulando armas para enfrentar seus inimigos.

Por enquanto não os vemos (os concorrentes) ganhando terreno para cima de nós, diz a vice-presidente de operações para a América Latina da empresa, Sukhinder Singh Cassidy. Ainda assim, sabemos que, na internet, qualquer coisa está a apenas um clique de distância e precisamos estar preparados, explica ela. Assim, dada a enorme facilidade do usuário de apenas mudar de página de busca, o Google tenta agregar cada vez mais valor à sua ferramenta.

Seguindo essa estratégia, a empresa integrou em sua página de busca ferramentas que procuram não apenas links de texto, mas também vídeos e fotos relacionados ao assunto da pesquisa. E é por esse motivo também que mantém uma espécie de núcleo de pesquisas de novos aplicativos online, o Google Labs, que desenvolve e testa novidades que podem, ou não, vir a ser integradas à página principal da empresa. De modo geral, porém, Sukhinder afirma que a operação em outros países mostrou que o importante é garantir uma boa experiência ao usuário, oferecendo não apenas o básico, mas também conteúdo realmente relevante e em diversos formatos.

Com esses brindes, a companhia se prepara para a briga que, mais para a frente, deverá enfrentar mais acirradamente com suas concorrentes. A busca online é para nós a plataforma em que tudo o mais se apóia. Se não tivermos uma base sólida, para qual os usuários migrem e achem relevante, nada mais importa. É ótimo ter produtos como o YouTube e coisas assim, mas nosso bastião é mesmo a busca, explica Sukhinder.

A espinha dorsal dessa estratégia, porém, é, cada vez mais, melhorar a ferramenta para que, em buscas, o usuário tenha conteúdo mais localizado e, assim, mais relevante de seu ponto de vista. Não adianta, numa pesquisa por filmes, o resultado ser o que está passando em um cinema em Nova York, sendo que estou em São Paulo, diz a executiva.

Acho que oferecemos um serviço decente na América Latina, mas ainda não fazemos tudo o que podemos e, assim, precisamos aprofundar a qualidade de nossa experiência, afirma.

A preocupação com os acessos à sua página de buscas é importante, já que é através dela que o Google oferece seus anúncios direcionados – que têm alguma relação com a pesquisa efetuada pelo usuário. E é desse tipo de anúncio que a empresa tira a grande maioria de seus lucros.

Uma outra jogada para tentar se precaver da concorrência está, hoje, emperrada nas agências antitruste dos EUA. Em abril deste ano, o Google anunciou a compra da DoubleClick, por US$ 3,1 bilhões, negócio que foi contestado pelas concorrentes da empresa. A DoubleClick é uma espécie de supermercado virtual, que liga anunciantes, agências de publicidade, veículos de internet e usuários, com diversas ferramentas específicas para isso.

De acordo com Sukhinder, a incorporação da DoubleClick serviria para aumentar o portfólio de produtos do Google. Se ocorrer, a fusão vai permitir aumentar nosso portfólio para anunciantes, com formatos e soluções mais apropriadas a suas necessidades. O mesmo funciona para sites de parceiros, nos permitindo ajudá-los a monetizar melhor seus sites, com mais de seu conteúdo resultando em negócios, disse a executiva.

Mas, mesmo uma eventual derrota na tentativa de compra da DoubleClick aparentemente não preocupa a empresa. Questionada sobre essa possibilidade, Sukhinder foi rápida em dizer que, se o negócio não vingar, o Google vai achar uma forma de chegar na posição que estaria com a DoubleClick. Para isso, a empresa poderia desenvolver ela mesma as tecnologias que sustentam as ferramentas da empresa que tenta comprar, ou as adquiriria de forma pulverizada.

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