Colunistas

Higiene Mental

“Ouvi e entendei. Não é o que entra pela boca o que faz imundo o homem, mas o que sai da boca, isso é o que faz imundo o homem.”

 

Evangelho segundo São Mateus, 15:1 a 20

 

 

 

 

Quando o Cristo proferiu estas palavras anotadas por seus apóstolos, utilizou mais uma vez sua habilidade de aproveitar o momento em que os fariseus questionavam-lhe sobre por que seus discípulos não honravam uma tradição daquele povo.

 Esta rezava que se deviam lavar as mãos antes das refeições, uma prática  antiga (talvez mais importante como tradição do que motivado pela necessidade de limpeza).

 

O Mestre Nazareno então usa esta aparente contradição para ensinar que os hábitos externos podem ser menos perniciosos que os hábitos internos.

 

Quando um ato inadequado, perante a Lei Divina, é cometido com ignorância de suas consequências,  esclarece-nos a Doutrina Espírita, a reparação se fará de forma diferenciada.

 

Esta ignorância refere-se ao aspecto moral, quando o ser que se desvia do caminho do bem comete o ato tendo seu horizonte de percepção reduzido no momento do deslize.

 

Contudo, quando se está ciente das coisas, no momento mesmo do desvio de comportamento nossa consciência já nos sinaliza que infringimos a Lei.

 

Na vida material, para mantermos a saúde do corpo, cercamo-nos de cuidados e confortos que nos garantam a prevenção e cura de males físicos.

 

Lavar as mãos antes das  refeições, entre outras tantas práticas, são hábitos que se incorporam à nossa rotina de vida, e nos garantem a certeza de estarmos protegidos contra uma série de doenças.

 

Estamos constantemente expostos a ambientes e influências materiais e energéticas que podem comprometer nossa saúde corporal. Daí, a preocupação com a higiene pessoal e coletiva.

 

Contudo, o Cristo nos alerta para uma necessidade de cuidados  contra males muito mais perniciosos, sutis e arrebatadores, em se considerando a saúde do espírito: a higiene mental.

 

Esclarecem-nos os espíritos superiores bastamente nas obras básicas do Espiritismo, que o universo, e a Terra, está fartamente populada com espíritos encarnados e muito mais desencarnados.

 

Conforme nos relata Allan Kardec na Revista Espírita de Maio de 1867: (…) “os Espíritos constituem a população invisível do globo, que estão no espaço e entre nós, nos vendo e nos acotovelando sem cessar, de tal sorte que, quando nos acreditamos sós, temos constantemente testemunhas secretas de nossas ações e de nossos pensamentos.

 

Se levado em conta que espíritos em estado errante são seres como nós, apenas sem um corpo material, mas com capacidade de interagir com as energias e matérias universais, lógico é que todas essas influências interagirão mutuamente.

 

Ainda Kardec:

 

Sabe-se que os fluidos emanados dos Espíritos são mais ou menos salutares segundo o grau de sua depuração; conhece-se o seu poder curativo em certos casos, e também seus efeitos mórbidos de indivíduo a indivíduo.”

 

Neste interagir constante, as influências sobre o ambiente sutil do plano espiritual se processam a partir do pensamento, gerador de vibrações que irão impressionar, manipular e plasmar os fluidos que nos cercam, espargindo aos que comungam daquele ambiente, suas influências.

 

Sabido é também que estas influências (positivas ou negativas) encontrarão ressonância naqueles seres cujos pensamentos vibrarem na mesma frequência.

 

Neste contexto, a higiene mental, traduzida por uma mente equilibrada, com pensamentos edificantes, o mais liberta possível de sentimentos de inveja, ódio, egoísmo, vaidade ou rancor, conterão os elementos de poderosa vacina contra doenças de comportamento.

 

O trabalho produtivo, a dedicação voluntária ao bem do próximo são esteiras que nos transportam ao caminho do bem, em rumo seguro.

 

Alguns males tratados como doenças mentais são na verdade espíritos invigilantes que cederam ao peso de comprometimentos de vidas passadas, agora aprisionados em látegos de influenciação rancorosa e vingativa.

 

Urge ao Homem esclarecido a integração dos hábitos de higiene mental ao seu “modus vivendi”, visto que, tanto nas interações materiais quanto espirituais, estamos sempre como potencial alvo das projeções mentais.

 

A evolução moral, autoconhecimento, desenvolvimento de virtudes, hábitos salutares e vigilância para bons pensamentos são ações constantes e incessantes, necessários à saúde espiritual.

 

Manter limpa a casa mental é pavimentar uma via de luz para o caminho da verdadeira felicidade.

Comentários

Comentários