Iraniana pede apoio do Brasil contra violações de direitos
Shirin Ebadi ressaltou a mudança de postura do Brasil em relação ao Irã e pediu que a presidenta Dilma Rousseff permaneça do lado do povo iraniano. “Há um ano, felizmente, a política externa do Brasil tem mudado e uma política de apoio a ditadores não encontra espaço na ONU”, disse.
“Há várias resoluções da ONU que condenam a conduta do governo iraniano e o governo brasileiro apoiou o povo do Irã e não apoiou um governo ditatorial. Espero que a nova presidenta, com seu voto na ONU, mostre seu compromisso com o povo do Irã”, afirmou Shirin Ebadi.
A advogada iraniana lamentou não ter conseguido falar com a presidenta Dilma, mas pediu ao povo brasileiro, em especial às mulheres, que alertem a presidenta sobre as violações dos direitos humanos que são cometidas no Irã contra as mulheres.
“Queria falar para a presidenta do Brasil, que é uma mulher, sobre essas leis, mas, infelizmente, não foi possível. Por isso, peço que vocês falem isso para a sua presidenta”, disse a iraniana.
Segundo ela, perante as leis iranianas, a mulher é considerada inferior ao homem. Um exemplo, disse a advogada, é que o depoimento de duas mulheres equivale ao mesmo que o de um homem. Além disso, os homens podem ter até quatro esposas e se divorciar quando quiserem, sem dar explicação. Para as mulheres, o divórcio é praticamente impossível.
Shirin Ebadi afirmou ainda que a situação dos direitos humanos no Irã piora a cada dia e que a repressão aos opositores do governo Ahmadinejad tem sido cada vez mais dura, inclusive contra a imprensa.
Segundo ela, números da organização Repórteres sem Fronteiras mostram que o Irã tem o maior número de jornalistas presos no mundo. “Qualquer pessoa que mostre discordância ao governo vai preso”, ressaltou.
De acordo com Shirin Ebadi, após a eleição presidencialde junho de 2009 o povo, inconformado com o resultado, saiu às ruas e, por esse motivo, um grande número de pessoas foi morta e milhares feridas.
Ainda segundo a iraniana, inúmeros professores foram presos e o representante deles, um aposentado de 65 anos de idade, está detido há mais de dois anos sob condições precárias.
“Peço a vocês que, na ONU, não fiquem ao lado de um governo assim e votem pelo povo do Irã”, reforçou.
Ela disse também que, ao lado de outros colegas de profissão, foi forçada a sair do Irã por ser contrária ao governo e por defender presos políticos. No entanto, vários outros advogados foram presos por insistirem em defender os críticos de Ahmadinejad.
A advogada iraniana acrescentou que o número de execuções é grande e que várias dessas mortes ocorre nas ruas “aos olhos da população”. Ela informou que a idade penal no Irã atualmente é de 9 anos para mulheres e 15 para os homens.
“No mês passado o Irã executou dois jovens de 17 que supostamente cometeram um crime pela leis do país”, lamentou.
Shirin Ebadi acrescentou que o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, usa o lema de “morte aos Estado Unidos e a Israel” para justificar a repressão a seus opositores.
“Não estamos de acordo com os Estados Unidos nem com Israel, mas também não concordamos com o governo do Ira”, reforçou.