Lavouras de soja e feijão no RS apresentam redução do potencial produtivo
De acordo com o Informativo Conjuntural elaborado pela Emater/RS-Ascar, em quase todas essas áreas houve uma piora na situação das culturas de feijão e soja. O levantamento foi realizado entre os dias 20 e 24 de fevereiro e levou em conta informações de 360 escritórios municipais da Instituição, cobrindo 87% da área cultivada com soja, 60% com feijão, 90% com milhos e 80% da área cultivada com arroz.
Na soja, a produtividade média passou de 1.948 kg/ha pra 1.738 kg/ha. Entre as regiões administrativas da Emater/RS-Ascar, Ijuí, Santa Maria e Santa Rosa, que detêm quase 56% de toda a área plantada neste ano, são as que apresentam as maiores reduções em relação às expectativas iniciais, registrando -39,5%, -39,7% e -64%, respectivamente. Portanto, a produção atual passa de 10,3 milhões de toneladas projetadas inicialmente, para 7,1 milhões (-30,71%). Até o momento, essa produção é 39% menor que a obtida na supersafra do ano passado (11,7 milhões t).
Atualmente, cerca de 77% da área cultivada com soja estão em fase de formação de vagem (enchimento de grãos) e 10% em floração. É sobre essas lavouras que pesa a maior preocupação com o clima. As chuvas irregulares e o forte calor provocaram alterações significativas na fisiologia das plantas, forçando uma maturação prematura e irregular. O resultado tem sido a obtenção de grãos com qualidade muito ruim, com altos percentuais de murchos, imaturos e de pequeno peso. Devido à pouca área colhida (2%), é provável que a produtividade média reduza ainda mais em relação às expectativas iniciais.
A área cultivada com o feijão 1ª safra está praticamente toda colhida e a produção esperada é de 69.533 toneladas, ou -25,25% se comparadas com a safra passada (93.019 t). A produtividade passou de 1.111 kg/ha para 1.012 kg/ha, o que projeta uma produção de 69.533 toneladas, ante as 81.639 toneladas estimadas inicialmente. “Essa diferença poderia ser maior não fossem os bons rendimentos esperados na região administrativa de Caxias do Sul (Serra e Campos de Cima da Serra), que detém cerca de 20% da produção e onde as expectativas atuais encontram-se bem acima do esperado inicialmente, em +52,6%”, destaca o diretor técnico da Emater/RS, Gervásio Paulus.
Para o milho, o levantamento da Emater/RS-Ascar indica uma estabilidade na produtividade média, variando apenas -1,16% durante o período, passando para 2.638 kg/ha, diante dos 2.669 kg/ha registrados 30 dias atrás. Esses números projetam uma produção de 3,05 milhões de toneladas para esta safra, o que representa, até o momento, uma diferença de -42,58% em relação à estimativa inicial (5,3 milhões t) e -47,27% comparando-a com a safra 2011 (5,78 milhões t). Atualmente, 4% das lavouras de milho estão em desenvolvimento vegetativo, 7% em floração, 25% em enchimento de grãos, 19% maduras e 45% já colhidas.
O arroz é a cultura menos impactada devido à irrigação, com a produtividade média se mantendo praticamente estável, baixando de 6.861 kg/ha para atuais 6.800 kg/ha (-0,88%). Esse rendimento projeta uma produção total de 7,46 milhões de toneladas para esta safra, marcando uma diferença de -7,45% em relação à expectativa inicial e -16,58% em relação à safra passada, quando foram colhidos 8,94 milhões de toneladas, segundo o IBGE. A colheita já chega a 13% das lavouras, com 33% em fase de maturação, podendo ser colhidas brevemente. Outros 38% se encontram em enchimento de grão e 16% em floração.
Feijão 2ª safra – Para a 2ª safra do feijão, a primeira estimativa de área é de -4,84% em relação à safra passada, quando foram semeados 21.901 ha, segundo o IBGE, projetando para este período uma área total de 20.840 ha. Essa diferença é motivada pela dificuldade imposta pela deficiência hídrica que persiste em importantes regiões produtoras do Centro-Norte do Estado. Quanto à produção, a projeção indica um total de 22.101 toneladas, o que significa uma redução de 19,38% em relação à produção passada (27,4 mil t). No momento, cerca de 90% do projetado encontra-se semeados, com 60% em desenvolvimento vegetativo, 18% em floração, 10% em enchimento de grãos e 2% já maduros e por colher. O estado das lavouras pode ser considerado satisfatório, com algumas delas apresentando potencial produtivo acima dos 1.300 kg/ha.
Rebanhos em bom estado
De maneira geral e apesar da estiagem, o gado está em bom estado sanitário e corporal. Todavia, as repercussões negativas das condições adversas enfrentadas pelos rebanhos poderão se dar na produção menor de terneiros no futuro, levando em conta que a época de reprodução tenha ocorrido sob forte estiagem, o que influencia de forma negativa na ocorrência de cio das fêmeas postas em cria. Nesse sentido, na maioria das propriedades, o período de monta já se encontra finalizado, com os criadores se preocupando, a partir de agora, em iniciar o preparo para a semeadura das pastagens de inverno.
Para o rebanho leiteiro, a situação é similar, com a produção retomando o patamar considerado normal para esta época do ano. Entretanto, em algumas áreas do Noroeste do Estado (Missões e Fronteira Noroeste), a disponibilidade de água para dessedentação dos animais também é escassa e de péssima qualidade e, em diversas propriedades, as prefeituras ainda estão levando água com caminhões-pipa.
Além da queda na produtividade, as altas temperaturas dos últimos dias causaram perda de peso e problemas metabólicos nas vacas, o que poderá causar problemas futuros no desempenho reprodutivo. Onde as chuvas foram um pouco mais abundantes, os agricultores tratam de iniciar a semeadura de pastagens anuais de inverno (aveia e azevém). Por ora, a alimentação do rebanho vem sendo garantida com uso de silagem, feno e rações, o que eleva o custo de produção.