Matar o cão para acabar com as pulgas – Jayme José de Oliveira

Jayme José de Oliveira

PONTO E CONTRAPONTO- por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

MATAR O CÃO PARA ACABAR COM AS PULGAS

Agressões a jogadores de futebol das equipes adversárias; brigas de torcedores antes, durante e após os jogos; vandalismo de torcedores às instalações do clube para o qual torcem em represália a resultados desfavoráveis; ameaças via redes sociais ou, pior, agressões a atletas das cores pelas quais afirmamos ter preferência, amor e dedicação; provocar tumultos; etc. São atos criminosos, vis, injustificáveis, estúpidos, para dizer pouco. Os fatos se sucedem em catadupas e a tendência é que recrudesçam.

Jogadores do Bahia, que está na zona de rebaixamento no Brasileirão, são agredidos em protesto no aeroporto, na véspera do jogo com o Vitória.

Clássico Coritiba x Athlético é interrompido pela arbitragem devido a tumulto causado pelas torcidas. A polícia teve de usar bombas de efeito moral.

Villasanti levou pedrada na face, arremessada contra o ônibus do Grêmio. O agressor foi identificado, preso e… solto. Ocorreu antes do Gre-Nal adiado pelo fato. Sofreu traumatismo craniano.

Lucas Silva foi atingido no rosto por um telefone celular durante a comemoração do 3º gol gremista no Gre-Nal 437, em 10/3/2022. O presidente do Grêmio, Romildo Bolzan lembra a pedrada em Villasanti e deixa a agressão de Lucas Silva nas mãos da FGF e do TJD. “Eles estão com as ações”.

Um dia após o fato o torcedor, já identificado, um processo criminal foi instaurado.

Comentarista estabelecido na Inglaterra, numa declaração à Rádio Gaúcha, sugeriu que para interromper a série de atos criminosos os jogadores, em todo o país, deveriam deflagrar uma greve e interromper os campeonatos. Brilhante ideia, comparável a MATAR O CÃO PARA ELIMINAR AS PULGAS.

Mas, o que poderia ser feito?

CUMPRIR A LEI!

Processar os criminosos por dolo eventual, agressão com lesões corporais.

Procedimento com excesso de rigorismo? Querem esperar até que atletas sejam inutilizados, até mortos? Lembremos os hooligans no futebol inglês.

Atualmente a Premier League é uma das cinco melhores do mundo. Muito antes deste patamar, lá na década de 1980, a Inglaterra vivia o seu pior momento no futebol. Violência extrema com grande influência dos hooligans, estádios deteriorados e a queda do nível do futebol marcaram esse momento histórico.
Um grupo brutal apareceu no Reino Unido: os hooligans. Eles marcaram negativamente a história do futebol inglês. Atos de vandalismo severo mataram centenas de pessoas e mancharam a bela história do país que jogou as primeiras partidas deste esporte que tantas pessoas amam.

A violência dos torcedores ingleses mais inconsequentes, conhecidos como hooligans, provocou a exclusão das equipes do país das competições europeias por cinco anos. Os hooligans causavam terror nas ruas e nos campos, promoviam o caos com sessões de pancadaria e invasão de gramados.

A então primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher, tratou de lidar com os problemas à sua maneira: forte repressão policial e isolamento dos hooligans. Foram instaladas grades pontiagudas eletrificadas e com arame farpado no topo.

Após a morte de 96 pessoas que foram esmagadas nos distúrbios de um jogo pela semifinal da Copa da Inglaterra, o magistrado Murray Taylor foi encarregado de tomar as providências necessárias.

Todos os estádios ingleses tiveram de instalar sistemas de monitoramento por câmeras. Os torcedores brigões eram retirados dos estádios. Na temporada de 2012-2013, houve 2.456 prisões de torcedores. A maioria dessas detenções resultou em Ordens de Banimento do Futebol.

Países que seguiram o exemplo inglês, como a Alemanha e a Espanha também conseguiram controlar os hooligans.

O exemplo inglês foi decisivo para todo o Futebol Europeu.

A violência nos estádios é parte da violência da sociedade. Para que ambas sejam enfrentadas são necessários os mesmos instrumentos:LEIS DURAS E SEU CUMPRIMENTO EFETIVO. Como fizeram os ingleses. O resto é blá-blá-blá. Não se resolve interrompendo campeonatos como NÃO SE ELIMINAM PULGAS MATANDO OS CÃES.

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

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