MetSul explica que vento do ciclone ainda não ocorreu

14359109_974269742700488_1444225053747760766_nO cenário meteorológico no Rio Grande do Sul e no Cone Sul é bastante complexo e a MetSul se esforça em tentar explicar ao público, sendo impossível evitar certos tecnicismos por, afinal, se tratar de uma ciência. Já ventou forte na minha cidade, isso significa que passou o risco do ciclone? Vem mais vento? Vamos tentar entender juntos? São três situações distintas causando ventania no Estado entre ontem e amanhã.

Primeira, uma corrente de jato em baixos níveis da atmosfera, uma espécie de corredor de vento forte a cerca de 1500 metros de altitude que se origina na Bolívia e desce até o Rio Grande do Sul, atuou no final da segunda-feira e na madrugada de hoje no Estado com vento Norte muito intenso, o que trouxe também temperatura acima de 30ºC em algumas cidades na madrugada. Essa corrente se forma e se intensifica à medida que se aprofunda um centro de baixa pressão, no caso o que deu origem ao ciclone no Prata. Essa corrente de jato já era, dissipou-se sobre o Estado com o deslocamento da frente fria. No caso de Santa Maria, onde este tipo de fenômeno traz consequências maiores que o vento do ciclone, o pior já passou.

Segundo, a frente fria (região de instabilidade entre as massas de ar frio e quente) foi o que trouxe vendavais em algumas cidades em ocorrências de temporais, caso de Jaguarão (91 km/h) e Porto Alegre (89 km/h). O vento forte, numa frente fria, ocorre quando ela chega e se dá a rápida troca de massas de ar. Como ela já chegou, o vento dela também já era na maior parte do Rio Grande do Sul, ocorreu o que tinha que dar.

Terceiro, e o que ainda não ocorreu mas ocorrerá, é o vento do ciclone. O sistema já está formado (imagem de satélite) e vai trazer vento muito intenso, acima de 100 km/h com rajadas de 120 km/h a 140 km/h, no Uruguai no final do dia e amanhã, à medida que se desloca para Norte e Nordeste. Também no final do dia e amanhã o vento volta a aumentar no Rio Grande do Sul por efeito do ciclone com rajadas, em média, de 60 km/h a 80 km/h na maioria das cidades gaúchas, inclusive na área de Porto Alegre, mas que pode passar de 100 km/h em pontos do Sul do Estado, das lagoas, na faixa costeira e dos Aparados. Por isso, nestas áreas com chance de vento intenso a ventania mais intensa ainda está por vir.

Em resumo, o quadro de tempo severo que experimentamos é um evento de três dias. Estamos no começo do segundo. Teve início ontem com temporais de granizo e vento forte de Norte, segue hoje com chuvarada e vento, e prossegue amanhã com sol e vento forte no Rio Grande do Sul. (Meteorologista Luiz Fernando Nachtigall)

MetSul

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