No consultório
Tirei um livro de poesias da bolsa para ler. Tenho o hábito de carregar sempre um livro para aproveitar todas as ocasiões. Leio nos consultórios, nos gabinetes dentários, nas viagens de ônibus.
Não conseguia me concentrar na leitura. O burburinho das vozes se confundia, se entrelaçava. Todos estavam ansiosos a espera para realizarem seus exames. Alguns encontraram conhecidos, outros amigos para um bate-papo.
Em todos os rostos lia-se uma interrogação. O que será que meu exame vai mostrar?
Comecei a pensar na fragilidade do ser humano. Somos um barco que pode afundar a qualquer hora, um frágil vaso de cristal, uma folha seca que pode ser carregada nas asas do vento. Um grão de areia que a maré pode levar para as profundezas do mar.
Nos dias de hoje somos apenas um número perdido na burocracia. Perdemo-nos na internet: nos sites, nos blogs, nos twitter, sem tempo para uma comunicação pessoal.
Por que tanto orgulho, tanta ganância, tanta ânsia de poder, tanta violência, tanta corrupção, tanta falta de amor, de fraternidade, de solidariedade tantas injustiças ,quando todos um dia vãos para o mesmo lugar, virando pó?