O assassinato de Júlio Cesar – Por Jayme José de Oliveira

O assassinato de Júlio Cesar - Por Jayme José de Oliveira
Jayme José de Oliveira

No dia 15 de março de 44 a.C., Júlio César foi morto no senado romano, apunhalado por cerca de 60 senadores, entre eles seu protegido Marco Júnio Bruto. Jurista, escritor, político, general, descendente da deusa Vênus, amante de Cleópatra, Caio Júlio César foi um líder brilhante. Cultivou, ao mesmo tempo, o cinismo e a clemência, a crueldade e a cortesia, a hipocrisia e a civilidade, a esperteza e a sinceridade, a modéstia e o orgulho. A versão mais popular para suas últimas palavras é “Até tu, Brutus?, mas que, na verdade, foi uma frase criada por Shakespeare para sua peça Júlio César.

Atualmente, sabe-se a derradeira frase de César foi pronunciada em grego: “Até tu, meu menino?”, como bem mostra o trecho de Júlio César, livro da série Biografias L&PM:

Nesse instante, Túlio pega a toga de César com as duas mãos e descobre seus ombros, o que para os conjurados é o sinal de ataque. Casca, que se encontra atrás de César, saca o punhal e desfere o primeiro golpe junto ao ombro, mas o ferimento é superficial. A mão de Casca certamente tremeu. César pega imediatamente o punho que acaba de golpeá-lo e exclama em latim:

O assassinato de Júlio Cesar - Por Jayme José de Oliveira

“Pérfido Casca, que fazes?”, e Casca grita em grego: “Meu irmão, socorro!”. Os senadores, que em sua maioria não fazem parte do complô.  Impotentes e imóveis assistem à sequência e veem César cercado de conjurados armados de punhais e facas que o golpeiam nos olhos e no rosto. César defende-se, diz Plutarco, “como um animal feroz encurralado por caçadores e tenta afastar estas mãos armadas”. Todos, é fato, querem desferir um golpe para provar que participaram deste assassinato de modo pessoal e eficaz. Neste momento, todos consideram César uma vítima maléfica que deve ser sacrificada para que viva a República. São tão numerosos e acham-se tão amontoados que acabam, como tubarões, despedaçando a presa, logo se cobrem de sangue. Bruto, que se aproxima de César tem a mão ferida, mas pode ainda desferir contra seu protetor, contra seu pai adotivo, o golpe de misericórdia, apunhalando-o na virilha. Ao vê-lo, César exclama, não em latim, como sempre se pensou, mas em grego, segundo numerosos testemunhos: “Até tu, meu menino?” (e não meu filho, como é admitido), testemunhando sua trágica incredulidade. É então que, diante da última traição, César abandona a luta, cobre o rosto com uma aba da toga e entrega-se às lâminas dos assassinos que acabam por transpassar seu corpo sem vida.

DISCURSO DE MARCO ANTÔNIO NO FUNERAL DE JULIUS CESAR

O magnífico texto do discurso de Marco Antônio foi extraído da peça Júlio César, de Shakespeare.

Amigos, romanos, cidadãos deem-me seus ouvidos. Vim para enterrar César, não para louvá-lo. O bem que se faz é enterrado com os nossos ossos, que seja assim com César. O nobre Brutus disse a vocês que César era ambicioso. E se é verdade que era, a falta era muito grave, e César pagou por ela com a vida, aqui, pelas mãos de Brutus e dos outros. Pois Brutus é um homem honrado, e assim são todos eles, todos homens honrados. Venho para falar no funeral de César. Ele era meu amigo, fiel e justo comigo.

Mas Brutus diz que ele era ambicioso. E Brutus é um homem honrado. Ele trouxe muitos prisioneiros para Roma que, para serem libertados, encheram os cofres de Roma. Isto parecia uma atitude ambiciosa de César? Quando os pobres sofriam César chorava. Ora a ambição torna as pessoas duras e sem compaixão. Entretanto, Brutus diz que César era ambicioso. E Brutus é um homem honrado.

Vocês todos viram que na festa do Lupercal, eu, por três vezes, ofereci-lhe uma coroa real, a qual ele por três vezes recusou. Isto era ambição? Mas Brutus diz que ele era ambicioso, e Brutus, todos sabemos, é um homem honrado. Eu não falo aqui para discordar do que Brutus falou. Mas eu tenho que falar daquilo que eu sei. Vocês todos já o amaram e tinham razões para amá-lo. Qual a razão que os impede agora de homenageá-lo na morte?

“Neste momento Marco Antônio faz uma pausa no discurso, e as pessoas do povo começam a refletir sobre o que ele disse, e a questionar se César tinha afinal merecido a morte que teve. Passado este interlúdio retorna Marco Antônio a falar.”

Ontem, a palavra de César seria capaz de enfrentar o mundo, jaz aqui morto. Ah! Se eu estivesse disposto a levar os seus corações e mentes para o motim e a violência, eu falaria mal de Brutus e de Cassius, os quais, como sabem, são homens honrados. Não vou falar mal deles. Prefiro falar mal do morto. Prefiro falar mal de mim e de vocês do que destes homens honrados.

Mas, eis aqui, um pergaminho com o selo de César. Eu o achei no seu armário. É o seu testamento. Quando os pobres lerem o seu testamento (porque, perdoem-me, eu não pretendo lê-lo), eles se arrojarão para beijar os ferimentos de César, e molhar seus lenços no seu sagrado sangue.

“O povo reclama de Marco Antônio e exige que ele o leia.”

Tenham paciência amigos, mas eu não devo lê-lo. Vocês não são de madeira ou de ferro, e sim humanos. E, sendo humanos, ao ouvir o testamento de César vão se inflamar, ficarão furiosos. É melhor que vocês não saibam que são os herdeiros de César! Pois se souberem… o que vai acontecer? Então vocês vão me obrigar a ler o testamento de César? Então façam um círculo em volta do corpo e deixem-me mostrar-lhes César morto, aquele que escreveu este testamento.

Cidadãos. Se vocês têm lágrimas, preparem-se para soltá-las. Vocês todos conhecem este manto. Vejam, foi neste lugar que a faca de Cassius penetrou. Através deste outro rasgão, Brutus, tão querido de César, enfiou a sua faca, e, quando ele arrancou a sua maldita arma do ferimento, vejam como o sangue de César escorreu. E Brutus, como vocês sabem, era o anjo de César. Oh! Deuses, como César o amava. O golpe de Brutus foi, de todos o mais brutal e o mais perverso.

Pois, quando o nobre César viu que Brutus o apunhalava, a ingratidão, mais que a força do braço traidor, parou seu coração. Oh! Que queda brutal meus concidadãos. Então eu e vocês e todos nós também tombamos, enquanto esta sanguinária traição florescia sobre nós. Sim, agora vocês choram. Percebo que sentem um pouco de piedade por ele. Boas almas. Choram ao ver o manto do nosso César despedaçado.

Bons amigos, queridos amigos, não quero estimular a revolta de vocês. Aqueles que praticaram este ato são honrados. Quais queixas e interesses particulares os levaram a fazer o que fizeram, não sei. Mas são sábios e honrados e tenho certeza que apresentarão a vocês as suas razões. Eu não vim para roubar seus corações. Eu não sou um bom orador como Brutus. Sou um homem simples e direto, que amo os meus amigos.

“Seguem-se novamente comentários das pessoas, já agora lamentando o assassinato e condenando os assassinos. Volta Marco Antônio”.

Aqui está o testamento, com o selo de César. A cada cidadão ele deixou 75 dracmas. Mais, para vocês ele deixou seus bens. Seus sítios neste lado do Tibre, com suas árvores, seu pomar, para vocês e para os herdeiros de vocês e para sempre. Este era César. Quando aparecerá outro como ele?

” Revoltada a massa sai rumo às casas dos conspiradores para vingar César,

O assassinato de Júlio César 7min18seg

http://www.youtube.com/watch?v=mhrY1drQMIQ

Discurso de Marco Antônio – 8min24seg

http://www.youtube.com/watch?v=4VrTkHqudXk

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

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