Ocupado com a edição do meu último livro, fiquei alguns meses fora do Litoralmania. Volto falando de futebol. Faz tempo que não escrevo sobre futebol, não quer dizer, no entanto, que não tenha acompanhado o que tem ocorrido no mundo da bola.
A Copa do Mundo começa daqui um mês. O Brasil já respira a Copa. Por um mês só se falará de futebol, afinal o Brasil é o país do futebol.
SELEÇÃO “NACIONAL”
Na terça-feira, dia 11 de maio, o técnico Dunga anunciou os 23 jogadores que representarão a seleção nacional na primeira copa do continente africano.
Olho a lista é não vejo Victor, que a meu ver em nada deixa a desejar para Júlio César, salvo a própria experiência na seleção, quem dirá para Gomes e Doni, por favor. Mas vá lá. Outra olhada com mais atenção e só encontro três jogadores que atuam no futebol nacional.
A seleção nacional é composta por uma seleção de “estrangeiros”. Alguns dirão que há muito de exagero nisso. Talvez, mas houve tempo que era o contrário. Menos mal que ao menos no papel ainda são todos nascidos no Brasil, mesmo que suas cabeças só pensem nisso quando se fala de futebol e no dinheiro que a CBF distribui como bicho. Enfim somos o país do futebol, mas o nosso futebol não brilha aqui. E os que brilham não são chamados, e se chamados logo partem para a Europa. É o mundo anda globalizado.
Ao contrário do Brasil há países que irão disputar o mundial onde poucos são os jogadores que nasceram mesmo no país que defenderão a partir de junho. A Alemanha talvez seja o maior exemplo. O país só não jogou duas copas, a de 1930 no Uruguai, em uma época que não havia classificatória e sim convite, e ela não foi convidada, e a de 1950, no Brasil, a primeira ocorrida no pós-guerra onde a escassez de jogadores não permitiu ao país compor um time. Os alemães foram tricampeões mundiais, em 1954, 74 e 90, e mostrou ao mundo craques como Beckembauer, Breitner, Matthäus, Klismann, Müller, Rummenigge entre outros.
A seleção do país, no entanto, é formada hoje por uma verdadeira legião de estrangeiros. Há um brasileiro, dois poloneses, um francês, um português e dois africanos – todos devidamente naturalizados, é claro. Dos seis atacantes, quatro são estrangeiros. A Inglaterra fará o contrário, todos os players do English Team jogam no próprio país.
O PAÍS DO FUTEBOL
Voltando ao Brasil. O país inteiro queria Adriano, Ronaldinho e Cia Ltda. O Brasil é mesmo um país interessante. Aqui se adora o anti-herói, uma espécie de Macunaíma. Há aqueles, sempre há, que idolatram Garrincha, o anjo das pernas tortas. Dizem que Pelé não foi tão bom. Bom era Garrincha, que entrava em campo bêbado e andou namorando até a mulher do presidente. Vá lá, Pelé também aprontava das suas, mas era um gentelman, quando o fazia, fazia às escondidas. Até nesse quesito superou o homem de Pau Grande – me perdoem o trocadilho, mas a despeito de sua fama Garrincha nasceu mesmo nessa cidade.
Enquanto no vôlei os jogadores têm um grau de estudo e cultural elevado, famílias bem constituídas, os “bons meninos”, o máximo que conseguem levar aos ginásios são meninas histéricas. No futebol é o contrário. O nível cultural é baixo, cada jogador casa pelo menos duas vezes na vida e paga pensão para pelo menos mais três mulheres, há noitadas, orgias e por ai vai. Há exceções é claro, poucas é verdade, mas há.
No vôlei se joga em sequência, dois ou três dias seguidos. Na manhã, ou tarde, dos jogos há treinos puxados. No futebol se há a necessidade de se jogar mais do que uma partida por semana é haverá chiadeira na certa. Há até teorias sobre o cansaço físico dos jogadores. Eu acho isso incrível. Porque os médicos do vôlei não dizem o mesmo? O que falar então do tênis, onde um só jogador tem que se virar por duas, três, quatro horas, na mesma sequência de jogos do vôlei, dois, três dias seguidos?
E o melhor. Qualquer jogador de futebol, por pior lateral ou zagueiro brucutu que seja, em um time grande ganha uma média de R$ 100 mil/mês. É um paraíso! Somos levados a torcer por alguém que não dá a mínima para nós, tem o intelecto de uma ameba, vive fora do país e ganha em uma semana o que a maioria de nós não ganha em 1 ano de trabalho.
Só no futebol ainda persiste a máxima capitalista, onde existe rádio que dá ao craque do jogo o nome de “Craque Kaiser” – não esqueçam que a empresa dona dessa rádio faz campanha contra o Crack – , jogador que joga Copa do Mundo e levanta o dedo para apontar “N.° 1” para o patrocinador, se admira jogador que vive em favela, anda com traficantes, e depois dá entrevista chorando, jurando amor eterno ao clube e ao país…
Em junho tudo isso será esquecido, tudo se volta para as quatro linhas e o brasileiro esquece até que o presidente do país anda dando esmola até para país de primeiro mundo, e enviando médicos em socorro de país flagelado, enquanto o próprio país vive o caos da saúde pública. Em fim esse é o Brasil, o país do futebol.
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