Oito em cada dez municípios brasileiros não têm museu, mostra estudo
Segundo o presidente do Ibram, José do Nascimento Junior, o número de unidade ainda é pequeno na comparação com o de outros países e revela que apenas os grandes municípios têm museus.
“Boa parte dos municípios do interior brasileiro ainda não se relaciona com esse universo. Ou seja, o interior, o Centro-Oeste, o Nordeste e a Região Norte ainda não têm uma estrutura cultural que dê para o conjunto dos seus cidadãos a oportunidade de se relacionar com museus”, disse à Agência Brasil.
O levantamento mostra que o número de museus supera o de salas de teatro e de cinema. Apesar disso, o presidente do Ibram avalia que o número ainda é insuficiente.
“Se pensarmos no contexto de outros países, ainda temos um trabalho muito grande. Não é apenas ter o museu, mas ressaltar a importância de não se ter um museu. Significa que parte da história do país, da memória local, não está sendo preservada. A busca do Ibram e da Política Nacional de Museu e, agora com o plano setorial, é que nos próximos dez anos possamos mudar essa realidade”, destacou Nascimento Junior.
Segundo ele, a ideia é que na próxima década os museus cheguem a, pelo menos, metade das cidades do país. “O ideal é o 100% [do municípios]. Mas sabemos que nos próximos dez anos é impossível alcançar isso e queremos passar dos 50% de municípios com museus. Seria uma mudança significativa”, afirmou.
Além do total de museus no país, o levantamento trará informações sobre o estado de conservação dessas instituições. Para o presidente do Ibram, devido à falta de políticas voltadas aos museus no passado, há a necessidade de recuperar o tempo perdido.
“Temos que entender que essa área ficou muito tempo sem investimentos, que estamos recuperando o parque de investimentos com uma série de ações do governo feitas agora e que estamos em uma direção de consolidação desses investimentos.”
De acordo com Nascimento Junior, em 2003, o país destinou cerca de R$ 20 milhões para a área de museus. Esse valor passou para R$ 120 milhões em 2009. No entanto, ele afirma que é preciso aplicar mais recursos no setor para superar o déficit de museus no Brasil.
“Para que a gente dê conta do desafio de uma política cultural na área museológica, os investimentos têm que chegar a patamar anual de mais de R$ 200 milhões para que, em dez anos, a gente possa recuperar a infraestrutura do setor e preparar o Brasil para a Copa da Mundo e as Olimpíadas”, disse, ao destacar que muitos turistas que virão ao país para assistir aos jogos também poderão ter interesse pela história brasileira.