Polícia Federal prende quadrilha que interceptava escutas telefônicas
A Polícia Federal prendeu hoje (16), em São Paulo, na Operação Ferreiro, 17 pessoas acusadas de participarem de uma organização criminosa suspeita de quebrar o segredo de Justiça em processos com interceptação telefônica, de acessar dados cadastrais de clientes de operadoras e dos extratos de chamadas de terminais telefônicos.
A quadrilha também teria executado interceptações clandestinas em terminais telefônicos e quebrado o sigilo de contas bancárias, com a ajuda de um funcionário de uma instituição financeira. Além dos 17 mandados de prisão – sete preventivas e dez temporárias -, os policiais cumpriram 28 mandados de busca e apreensão em São Paulo, em Jundiaí (SP) e em Varginha (MG).
O superintendente da Polícia Federal em Minas Gerais, delegado Marcos David Salem, informou que a Operação Ferreiro começou em Belo Horizonte durante outras duas operações, a Bicho Mineiro e a Roterdan, que investigavam lavagem de dinheiro por parte de grandes empresários de Belo Horizonte e de Varginha.
“Havia uma conexão entre as duas operações, mas os crimes não tinham correlação direta”, disse. As investigações foram conduzidas em conjunto pela Superintendência da PF em Minas Gerais e em São Paulo.
Segundo o delegado regional de Combate ao Crime Organizado em Minas Gerais, Alessandro Moretti, a Polícia Federal chegou à quadrilha ao descobrir a atuação de pessoas que tentavam dificultar e impedir as investigações em andamento, detectando eventuais interceptações telefônicas da PF.
“A Operação Ferreiro surgiu não só para investigar esse grupo, mas para proteger o sigilo das investigações da Operação Bicho Mineiro. Obtivemos êxito total nessa parte, já que a operação foi deflagrada na semana passada com total sucesso, com sete pessoas presas”, informou.
A Polícia Federal concluiu, segundo o delegado, que além da varredura física das linhas interceptadas, o grupo fazia a verificação dentro de cinco operadoras de telefonia, com a ajuda de pessoas que tinham acesso às informações de documentos oficiais da PF nas companhias.
A PF apreendeu também os equipamentos utilizados para a varredura das linhas interceptadas nas operações e para a realização de grampos clandestinos.
“Os responsáveis por esse trabalho eram dois detetives particulares que faziam parte da organização e que são ex-funcionários de companhias de telefonia”, disse Moretti.
Para obter a informação, o interessado procurava o chefe da quadrilha, que entrava em contato com o membro infiltrado dentro da companhia telefônica e que tinha acesso às informações sigilosas de processos de interceptação telefônica.
Para o serviço de varredura em cada linha telefônica, a organização cobrava R$ 3 mil, e para cada 15 dias de interceptação clandestina, R$ 15 mil.
Os dados bancários como movimentações financeiras, saldo em conta corrente, além de dados cadastrais do titular da conta, eram utilizados pela quadrilha para diversos fins.
As investigações duraram quatro meses, mas a PF acredita a quadrilha já atua há muito tempo, por conta do patrimônio de seus integrantes.
Os presos serão encaminhados para interrogatórios nas superintendências regionais em Minas Gerais e São Paulo, e responderão pelos crimes de quebra de segredo de Justiça, formação de quadrilha e quebra de sigilo bancário, cujas penas somadas podem chegar a 11 anos de prisão e multas.