Dr. Sander Fridman é Doutor em Psiquiatria pelo IPUB/UFRJ. Atende Neuropsiquiatria, Psicanálise Cognitivista, Transtornos Sexuais e Relações Conjugais.
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Política e Suicídio – Setembro Amarelo – Por Dr. Sander Fridman

Dr. Sander Fridman é Doutor em Psiquiatria pelo IPUB/UFRJ. Atende Neuropsiquiatria, Psicanálise Cognitivista, Transtornos Sexuais e Relações Conjugais.

Política e Suicídio – Setembro Amarelo - Por Dr. Sander FridmanSetembro é o mês da conscientização da necessidade de se investir na prevenção e na pós-venção do suicídio. Em 2022, é o mês da preparação social para o momento cívico do voto para os principais cargos eletivos no Brasil.

Haveria implicações entre nossas decisões Políticas e as taxas de Suicídio?

Com a publicação em 1897 de sua monografia “Le Suicide”, Durkheim demonstrou que antes de ser um fenômeno exclusivo da esfera privada, suicídios prevalecem diferentemente em diferentes sociedades e épocas, conforme a coesão social, a estabilidade dos papéis sociais, o grau de frustração das necessidades pessoais.

Neste caso, terão nossas escolhas políticas o poder de agravar ou atenuar estes determinantes?

As eleições de 2022 constituir-se-ão num julgamento popular dos atos dos principais proponentes aos cargos executivos, federal e estaduais.

A administração política das questões ligadas à Covid-19 por diferentes governantes, estão sob escrutínio científico em todo mundo sob muitos aspectos, inclusive em torno das consequências sobre as taxas de suicídio do lockdown, e sua real utilidade.

Ainda mais na medida em que esta ação política envolveu graves lesões de direitos face aos direitos individuais e da cidadania, que envolviam o direito à liberdade de ir e vir, ao trabalho e à renda, à sobrevivência alimentar, a buscar o alimento para a família, a manter a saúde física e mental por meio de atividade física ao ar livre, e à convivência social.

Haveriam bases fáticas, técnicas, que justificassem uma intervenção tão violenta e cara do ponto de vista dos prejuízos aos direitos humanos dos cidadãos?

Ivbijaro e colegas (2021) estimaram em até 148% o aumento da incidência de suicídio devido ao emprego da estratégia de lockdown – agravamento do desemprego, paralisação das escolas; maior isolamento social (vazio afetivo da vida limitada às telas); maior abuso de drogas e álcool. A paralisação das escolas levou ao burnout famílias mono parentais, ou em que ambos os pais trabalham, gerando forte sentimento de ineficácia e fracasso pessoal.

Para Ari R. Joffe (2021), o agravamento da pobreza, insegurança alimentar, solidão, desemprego, fechamento de escolas e dificuldades no acesso a serviços de saúde fez com que o lockdown fosse responsável por um agravo 5-10 vezes maior do que a própria COVID, em termos de perda de anos de bem-estar.

Uma busca na Pubmed – o maior depositório internacional de artigos científicos médicos e de saúde – não encontrou nem um só artigo científico publicado antes do ano de 2018 com a palavra “lockdown” no seu título, conjugado com a palavra “evidence”, fosse no título, e/ou no resumo. E apenas 1 artigo antes de 2020. Ou seja, esta intervenção nunca havia sido cientificamente estudada! Conquanto fosse abertamente ilegal, não havia a menor prova técnico-científica para que fosse sequer seriamente proposta, tanto mais aplicada, antes de 2018.

De fato, a Suécia, detentora da Organização que outorga anualmente o famoso Prêmio Nobel, não impôs o lockdown aos seus habitantes. Nem o Japão, Taiwan, Coréia do Sul, ou, de outro lado, a Bielorrússia.

Lukashenko, presidente deste último país, denunciou coação do Fundo Monetário Internacional, impondo Lockdown, como condição obrigatória para obterem empréstimos – por quê, para quê?

O debate público e respeitoso entre especialistas discordantes em torno do lockdown foi impedido – como se vê, não só sobre tratamentos e vacinas disponíveis para o vírus. Mas novamente, por quê, para quê?

Ghosal e colegas (2020) encontraram que a Coreia do Sul e a Suécia, que não impuseram lockdown, foram parte do grupo com menos mortes e infecções comparadas com países que a impuseram.

Kumar Kar e colaboradores (2021) identificaram um aumento de 300-400% nas taxas de suicídio após o lockdown aplicado na Índia e em Bangladesh. No Nepal, Singh (2021) encontrou dados muito semelhantes ao anterior, com metodologia semelhante em outra população.

Carlin (2021), da Universidade Médica de Viena, verificou, no período do Lockdown, no setor de politraumatismos e reanimações, um acréscimo de 200% no número de tentativas de suicídio, durante o lockdown, agravando-se do 1º para o 2º mês de lockdown.

Na verdade, nenhum estudo ou evidência científica jamais sustentou razões defensáveis, nítidas, para a imposição do lockdown e da censura ao debate científico público, em parte alguma do mundo, nem antes nem depois. Por outro lado, o aumento das taxas de suicídio era amplamente antecipável.Um alto custo a pagar sem vantagem alguma comprovada.

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