População de Gaza pode ficar sem alimentos em duas semanas
A população da Faixa de Gaza pode ficar sem alimentos dentro de duas semanas, de acordo com um relatório elaborado por uma das agências humanitárias das Nações Unidas.
– Está ocorrendo uma crise humanitária séria em Gaza como resultado dos recentes distúrbios e do fechamento das fronteiras – disse Arnold Vercken, diretor de operações do Programa Mundial de Alimentação (WFP) da ONU nos territórios palestinos.
O diretor do WFP ressaltou que a Faixa de Gaza depende da importação da maioria dos produtos básicos, e o fechamento das fronteiras está causando uma rápida redução dos estoques.
– Teme-se que, no prazo de duas semanas, as reservas cheguem a um ponto extremamente baixo, porque as pessoas, tomadas pelo pânico, compram farinha, açúcar e óleo (para ter como reservas) – acrescentou.
Desde o início do levante promovido pelo movimento islâmico Hamas, há duas semanas, o preço da farinha aumentou 40% na Faixa de Gaza. Além disso, a escassez de alimentos pode ser notada mais em alguns lugares que em outros, particularmente se houver dinheiro para comprá-los e armanezá-los em casa.
Na terça-feira, Israel abriu pela primeira vez a fronteira com a Faixa de Gaza para introduzir produtos básicos, e o WFP enviou sete caminhões com 200 metros cúbicos de alimentos. Hoje, de acordo com o relatório, entraram na região outros nove caminhões com 225 metros cúbicos de produtos.
Israel fechou as fronteiras para impedir que a crise palestina se espalhe para território israelense, assim como para impedir uma fuga de refugiados e a possibilidade de que, entre estes, entrem no país jihadistas suicidas. Israel e Egito são as únicas fronteiras da Faixa de Gaza, embora o fornecimento chegue a partir do primeiro país.
Na terça-feira, Israel permitiu também a entrada de um caminhão da Organização Mundial da Saúde (OMS) com remédios e equipamentos médicos de primeira necessidade.
O WFP afirma que, após a crise dos últimos dez dias, a população de Gaza depende ainda mais da ajuda humanitária internacional.
Na Faixa de Gaza vivem cerca de 1,4 milhão de pessoas, das quais 275 mil recebem alimentos do WFP, enquanto a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA) presta assistência a um número ainda maior. Segundo o relatório, 80% dos cidadãos de Gaza dependem atualmente da ajuda de alguma das agências da ONU.