Presidente da Colômbia diz que não vai acatar decisão internacional
“A decisão da corte não é aplicável e não será aplicável até que sejam celebrados tratados que protejam os direitos dos colombianos, o que deverá ser feito e aprovado de acordo com a nossa Constituição”, declarou Santos.
O litígio pela fronteira marítima entre Colômbia e Nicarágua foi julgado em 19 de novembro do ano passado. A CIJ determinou que a Colômbia mantivesse a parte terrestre do território, com os arquipélagos de San Andrés e Providencia, mas que cedesse cerca de 100 mil quilômetros quadrados – estimados 10,7% do território marítimo, para a Nicarágua.
O governo também anunciou que vai tomar medidas para “frear o expansionismo da Nicarágua e impedir que o país amplie seu território”. A primeira medida será investir cerca de 200 milhões de pesos colombianos no arquipélago, em forma de subsídio para pescadores, programas de desenvolvimento sustentável e um censo populacional.
A decisão de não respeitar a sentença de Haya se fundamenta no estudo de seis grupos de juristas colombianos e de outras nacionalidades, contratados pelo governo para elaborar recursos. O trabalho foi realizado nos últimos dez meses.
A aplicação da sentença afetaria pescadores e atividades de exploração petrolífera por empresas colombianas ou multinacionais que operam no país.
Além do investimento para o desenvolvimento social da ilha, o governo também anunciou que vai acelerar a aplicação do programa de proteção ambiental e social da Reserva Seaflower.
Santos afirmou ainda ter conseguido apoio do Panamá, da Jamaica e da Costa Rica – vizinhos da Nicarágua, com os quais redigirá uma carta de protesto, pois esses países afirmam sofrer com a “pretensão expansionista nicaraguense”. O presidente colombiano disse que vai entregar a carta pessoalmente, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, em setembro.
Para analistas colombianos a decisão do governo foi mais política que jurídica, mas especula-se que Santos deverá tentar aproximar-se do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, para tentar refazer o tratado de limite marítimo entre os dois países. Até o momento, o governo da Nicarágua não se manifestou oficialmente sobre o assunto.