Primeiro sul-americano, papa Francisco já deixa sua marca
O papa Francisco assume o pontificado sob uma série de expectativas e em um momento delicado da Igreja Católica Apostólica Romana. Padres e bispos da Igreja são acusados de abusos sexuais, há suspeitas sobre desvios de recursos no Banco do Vaticano e Bento XVI deixou o pontificado sinalizando que havia divergências internas.
Ao mencionar Bento XVI, em sua primeira aparição pública, o papa Francisco indicou que poderá atender a alguns dos apelos de seu antecessor, como, por exemplo, promover as mudanças iniciadas por ele na tentativa de sanar as suspeitas e divisões existentes na Igreja.
Ao pedir o microfone duas vezes ontem, o papa sinalizou que buscará manter a comunicação e o diálogo. Inicialmente, fez a saudação esperada, em italiano: “Boa Noite”. Em seguida, ao ver retirado o microfone, o papa Francisco o pediu de volta e transmitiu sua mensagem. Para ele, a Igreja deve buscar o caminho do amor, da fraternidade e da irmandade.
O papa pediu aos fiéis que rezem por ele, mas rezou, junto com a multidão que aguardava o anúncio na Praça de São Pedro, um Pai-Nosso e uma Ave Maria. Também elogiou o antecessor Bento XVI.
A eleição do argentino foi uma surpresa. A imprensa italiana, que mantém em sua equipe os chamados vaticanistas (especialistas em Vaticano), não mencionou o nome do cardeal Bergoglio. Para os fiéis que acompanhavam o anúncio do nome do sucessor de Bento XVI também houve surpresa.
“Não esperava por um nome da Argentina. Mas gostei dele, me pareceu bem humano”, disse o taxista Stefano Vicchi. Os argentinos, alguns com a bandeira do país, comemoravam e davam entrevistas elogiando a escolha do papa.
Descendente de imigrantes italianos, o papa Francisco é apontado pelas emissoras de rádio e televisão da Itália como alguém próximo ao país. Os veículos ressaltam como seu italiano é perfeito e claro.