Quando morrem a ilusões, cessam os sonhos!
Há muito tempo, nos meus dias de “guri rato de livraria” em Rosário do Sul, li um livro sobre os ritos de passagem, para a idade adulta, dos índios Sioux que habitavam a região das Montanhas Negras, nos Estados Unidos.
O Rito, compreendia provas físicas, como correr a distancia de cinco mil metros, com a boca cheia de água. Era admitido à prova seguinte o jovem guerreiro que conseguisse chegar ao final, da jornada, com a mesma quantidade de água que, inicialmente, lhe tinha sido dada.
Continha, também, o Rito, provas de natureza espiritual e cultural, dentre estas havia uma na qual o candidato a Guerreiro Adulto, tinha que contar de memória a história de seus antepassados até os seus tetravôs. Provando, assim, que trazia no coração os feitos de seu povo.
As provas espirituais, compreendiam, dissertar sobre o Deus dos Sioux, fazendo convincente discurso sobre as suas qualidades divinas de criador e protetor de seu Povo.
Compreendia, ainda, um momento de extrema concentração do Jovem, oportunidade em que ele, em comunhão com o seu Deus e com os espíritos dos seus antepassados, deveria produzir um frase inédita e que não fosse do conhecimento de seu povo.
O personagem do texto do livro que eu estava lendo, nesta fase das provas, se encontrava dentro de sua tenda, envolvido pela fumaça de um grande fogo que o aquecia do frio e da neve que caia, sobre a aldeia.
Depois de longo tempo saiu da tenda e comunicou ao Curandeiro, que tinha a sua frase, recebida de seu Deus e dos espíritos de seus antepassados.
Reuniu-se o povo e o jovem, no centro, com a imponência de um grande Guerreiro, sentado em frente ao Curandeiro.
Havia um grande fogo cujas chamas subiam iluminando o céu e cuja fumaça se consolidava, qual caminho conduzindo ao infinito.
Um profundo silencio tomou conta de tudo e de todos e neste cenário. O jovem, pediu licença para pronunciar a sua frase e disse:
“Meus bravos, cujo exemplo haverei de seguir sempre, escutem o que me foi dito, no silêncio de mim próprio:
– Quando morrem as ilusões, cessam os sonhos e quando os sonhos cessam, não há mais razão para viver……”
O silêncio tornou-se mais profundo até que foi interrompido pelo curandeiro que, ao lado do Chefe, começou uma bateria incessante, com sua lança sobre o escudo que se encontrava em seu peito. O Chefe repetiu o gesto que, imediatamente, foi repetido por todos os bravos, resultando em um som ritmado que se prolongou, por longos minutos…. Era o sinal de aprovação pelo ineditismo da frase e de que o jovem já fazia parte dos guerreiros da tribo e que poderia utilizar-se, quando citasse o seu nome, do titulo de Bravo como se tratavam, entre si os Guerreiros Sioux.
Passaram-se muitos anos e esta frase do jovem Guerreiro nunca me saiu da cabeça. Não sei se ela foi realmente dita pelo personagem ou se é fruto da imaginação do autor.
De qualquer maneira é uma bela frase. Uma profunda frase e tem acompanhando a minha história , se constituindo em uma das minhas preferidas.
E me vem à memória, agora, nestes tempos nos quais todas as minhas e nossas ilusões estão comprometidas e de certa forma os nossos sonhos cessaram, tanto de maneira individual, como coletiva.
Acho que o povo Rio Grande do Sul e do Brasil, está perdendo, uma a uma as suas ilusões.
Estamos de tal forma desiludidos que, um a um, os nossos sonhos, pela morte das nossas ilusões foram,consequentemente, cessando.
Constituímos-nos, hoje, em um povo, totalmente, desiludido.
A este estágio chegamos pelas inúmeras vezes que, em quinhentos e dez anos, fomos enganados pela classe dominante ou por quem não sendo da classe dominante, quando teve oportunidade, se portou como tal.
Ao contrário dos Bravos Sioux não temos de memória a história de nossos antepassados. Ou se temos é história que nos foi imposta. Não a verdadeira história.
Os nossos descendentes, talvez, por alguma misteriosa injunção não planejada, no futuro, possam saber a nossa história mas, certamente, não a contarão reunidos em alguma aldeia, sob as chamas de algum fogo de chão……!
Mas independente de que todas as nossas ilusões tenham morrido e de que todos os nossos sonhos tenham cessado e, ainda, da possibilidade de que nossos tetranetos mesmo que não contem nossa história, por vergonha do que ela contém, é preciso encontrar uma razão para viver,contrariando a frase do jovem Guerreiro Sioux !
Encontrar uma razão para, vivendo, não perder as esperanças de que por um lance de sorte, possamos nos dar conta que somos os agentes da história e que temos o dever de intervir na sua construção de tal forma, que nos seja permitido mudá-la.
Se isto acontecer e se tivermos esta percepção, de algum lugar no futuro, nos será permitido ver ou talvez, ouvir, um jovem do Rio Grande ou do Brasil, contar sem se envergonhar, de memória, a nossa história!
O Rito, compreendia provas físicas, como correr a distancia de cinco mil metros, com a boca cheia de água. Era admitido à prova seguinte o jovem guerreiro que conseguisse chegar ao final, da jornada, com a mesma quantidade de água que, inicialmente, lhe tinha sido dada.
Continha, também, o Rito, provas de natureza espiritual e cultural, dentre estas havia uma na qual o candidato a Guerreiro Adulto, tinha que contar de memória a história de seus antepassados até os seus tetravôs. Provando, assim, que trazia no coração os feitos de seu povo.
As provas espirituais, compreendiam, dissertar sobre o Deus dos Sioux, fazendo convincente discurso sobre as suas qualidades divinas de criador e protetor de seu Povo.
Compreendia, ainda, um momento de extrema concentração do Jovem, oportunidade em que ele, em comunhão com o seu Deus e com os espíritos dos seus antepassados, deveria produzir um frase inédita e que não fosse do conhecimento de seu povo.
O personagem do texto do livro que eu estava lendo, nesta fase das provas, se encontrava dentro de sua tenda, envolvido pela fumaça de um grande fogo que o aquecia do frio e da neve que caia, sobre a aldeia.
Depois de longo tempo saiu da tenda e comunicou ao Curandeiro, que tinha a sua frase, recebida de seu Deus e dos espíritos de seus antepassados.
Reuniu-se o povo e o jovem, no centro, com a imponência de um grande Guerreiro, sentado em frente ao Curandeiro.
Havia um grande fogo cujas chamas subiam iluminando o céu e cuja fumaça se consolidava, qual caminho conduzindo ao infinito.
Um profundo silencio tomou conta de tudo e de todos e neste cenário. O jovem, pediu licença para pronunciar a sua frase e disse:
“Meus bravos, cujo exemplo haverei de seguir sempre, escutem o que me foi dito, no silêncio de mim próprio:
– Quando morrem as ilusões, cessam os sonhos e quando os sonhos cessam, não há mais razão para viver……”
O silêncio tornou-se mais profundo até que foi interrompido pelo curandeiro que, ao lado do Chefe, começou uma bateria incessante, com sua lança sobre o escudo que se encontrava em seu peito. O Chefe repetiu o gesto que, imediatamente, foi repetido por todos os bravos, resultando em um som ritmado que se prolongou, por longos minutos…. Era o sinal de aprovação pelo ineditismo da frase e de que o jovem já fazia parte dos guerreiros da tribo e que poderia utilizar-se, quando citasse o seu nome, do titulo de Bravo como se tratavam, entre si os Guerreiros Sioux.
Passaram-se muitos anos e esta frase do jovem Guerreiro nunca me saiu da cabeça. Não sei se ela foi realmente dita pelo personagem ou se é fruto da imaginação do autor.
De qualquer maneira é uma bela frase. Uma profunda frase e tem acompanhando a minha história , se constituindo em uma das minhas preferidas.
E me vem à memória, agora, nestes tempos nos quais todas as minhas e nossas ilusões estão comprometidas e de certa forma os nossos sonhos cessaram, tanto de maneira individual, como coletiva.
Acho que o povo Rio Grande do Sul e do Brasil, está perdendo, uma a uma as suas ilusões.
Estamos de tal forma desiludidos que, um a um, os nossos sonhos, pela morte das nossas ilusões foram,consequentemente, cessando.
Constituímos-nos, hoje, em um povo, totalmente, desiludido.
A este estágio chegamos pelas inúmeras vezes que, em quinhentos e dez anos, fomos enganados pela classe dominante ou por quem não sendo da classe dominante, quando teve oportunidade, se portou como tal.
Ao contrário dos Bravos Sioux não temos de memória a história de nossos antepassados. Ou se temos é história que nos foi imposta. Não a verdadeira história.
Os nossos descendentes, talvez, por alguma misteriosa injunção não planejada, no futuro, possam saber a nossa história mas, certamente, não a contarão reunidos em alguma aldeia, sob as chamas de algum fogo de chão……!
Mas independente de que todas as nossas ilusões tenham morrido e de que todos os nossos sonhos tenham cessado e, ainda, da possibilidade de que nossos tetranetos mesmo que não contem nossa história, por vergonha do que ela contém, é preciso encontrar uma razão para viver,contrariando a frase do jovem Guerreiro Sioux !
Encontrar uma razão para, vivendo, não perder as esperanças de que por um lance de sorte, possamos nos dar conta que somos os agentes da história e que temos o dever de intervir na sua construção de tal forma, que nos seja permitido mudá-la.
Se isto acontecer e se tivermos esta percepção, de algum lugar no futuro, nos será permitido ver ou talvez, ouvir, um jovem do Rio Grande ou do Brasil, contar sem se envergonhar, de memória, a nossa história!