Rendimento da poupança deve mudar se taxa Selic subir
No ano passado, o governo mudou a regra de remuneração da poupança. Manteve o rendimento de 0,5% ao mês (6,17% ao ano) mais Taxa Referencial (TR) com taxa básica de juros (Selic) acima de 8,5%, e determinou que, quando os juros básicos da economia estiverem iguais ou inferiores a 8,5% ao ano, a caderneta rende 70% da Selic mais a TR.
Para o diretor executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira, mesmo com a elevação da taxa básica de juros para 9% ao ano, os rendimentos da poupança vão continuar “interessantes” quando comparados com os fundos de renda fixa.
Segundo ele, isso ocorre porque a caderneta de poupança tem ganho garantido por lei (TR + 6,17% ao ano) e não tem qualquer tributação. Os fundos de renda fixa têm tributação do Imposto de Renda sobre seus rendimentos. Quanto menor o prazo de resgate, maior a tributação. Além disso, no caso dos fundos, os bancos cobram taxas de administração.
A Anefac fez simulações de rendimento para uma aplicação financeira de R$ 10 mil, mantida pelo prazo de 12 meses, com a taxa Selic estável em 9% ao ano. Na poupança, o rendimento ficaria em R$ 668.
No fundo de investimentos, com taxa de administração de 0,5% ao ano, o rendimento ficaria em R$ 693. Com taxas de administração maiores, os rendimentos são menores. No caso da taxa de 1% ao ano, o rendimento ficou em R$ 655. Se a taxa for 2,5% ao ano, o rendimento do fundo ficaria em 541. E na simulação com taxa de administração 3% ao ano, a remuneração cairia para R$ 503.
No caso do Certificado de Depósitos Bancários (CDB), que também tem cobrança de imposto de renda, o investidor teria que obter taxa de juros de cerca de 85% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário, que tem taxas similares aos juros básicos) para atingir o mesmo ganho obtido com a poupança.
A Anefac também analisou o efeito da possível elevação da Selic nas taxas de juros cobradas nas operações de crédito. Para a associação, seja qual for a elevação da Selic, haverá pouco impacto nas taxas de juros. Segundo Oliveira, a competição no sistema financeiro – depois da forte redução de juros pelos bancos públicos, e a expectativa de queda na inadimplência podem fazer com que algumas instituições financeiras não alterem suas taxas de juros.