Revisitando o Dicionário
E assim fora! A partir daquele singelo compêndio promoveríamos (ou deveríamos promover) o tão citado, invocado, lembrado, porém, na prática, extremamente ignorado Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, o “Aurelião”, como nosso “Pronto Socorro Vocabular”.
O incentivo à leitura, à contação de histórias nas primeiras séries do Ensino Fundamental por muitos anos estiveram esquecidos, relegados como velhas estantes que, invadidas pelos cupins, jogavam-se nos porões dos antigos casarões que então abrigavam os Grupos Escolares.
Sim, meu colégio tinha um lúgubre e misterioso porão. Diz a lenda que nele habitava o fantasma de um aluno que ao tentar incendiar a escola e não conseguira escapar às labaredas. Os mais espertos, sabíamos que não passavam de crendices. Naqueles tempos, alunos não só não agrediam fisicamente a mestra ou a chamavam de “tia”, como não ateavam fogo às escolas.
Hoje, as heroicas e dedicadas professorinhas das escolas públicas – em que pese à desfaçatez dos governantes municipais e estadual, ante o aviltante salário a elas pago – redescobrem, elas próprias, aquele universo mágico – a biblioteca escolar, a contação de história, o incentivo à leitura e incursões às Feiras do Livro – juntamente com os alunos.
O resultado daquele ostracismo do ensino da linguagem com seus sinônimos, antônimos – para dizer o mínimo – sem considerarmos a desmotivação ao gosto da leitura, ainda se reflete flagrantemente nos comentários nas redes sociais quando da postagem de “Selfies” (autorretrato, foto tirada e compartilhada na internet) das amigas: – linda!
Basta apenas dar uma olhadinha no “Aurelião”, no Dicionário Eletrônico que a própria Internet dispõe, no “Amansa Burro”, como jocosamente alguns dizem, e atestarmos a infinidade de sinônimos para o tão surrado e batido adjetivo “linda”.
Atraente, bela, bonita, deslumbrante, elegante, charmosa, encantadora, sedutora, fascinante, esbelta, formosa, graciosa, maravilhosa, perfeita, primorosa, angelical.
Podem não ter a ressonância imediatista do “linda”. Ao menos defenestram (Lançar, violentamente, algo ou alguém pela janela. Alijar) o chatérrimo bate-estacas “Linda”… Linda!… Linda!… Linda!… Linda!… Linda…