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Santo Antônio da Patrulha: Tentação (Racionais Mc's)

A periferia patrulhense também é excluída e se exclui também. Tem os de cima e os de baixo. Demarcação de pequenos territórios em um território de todos. Os segredos de cada periferia estão encaixotados dentro dos seus habitantes. Estão ali, para todos verem; todos sabem, todos sentem.

Mas, enquanto não atingem a sua família, não são seus problemas. Você talvez não perceba que eles coexistem com você, e esta coexistência reflete na sua personalidade, na sua rotina, na sua vida. Falo de violência: do pai que bate na mãe, e ninguém fala, porque,  em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher; ou do filho que diz não a algo a que sempre baixava a cabeça e dizia: ” sim, pai “. Estes seres crescem, e formam sua própria responsabilidade, e avaliam possibilidades. Vão ter de aprender com a vida, e ela tem vários caminhos. Uns do bem, outros não.

Não é por não termos corpos espalhados por todos os lado e tiros a esmo, que não devemos nos preocupar com estes problemas nacionais. A violência pode nos alcançar a qualquer momento e, se isso acontecer, e a cabeça baixarmos dizendo que é natural e acontece, já teremos esquecido os dias de hoje, em que andamos tranqüilos na rua, sem haver um assalto, ou um estupro, ou um assassinato por causa de R$ 1,00. Vidas estão sendo perdidas até por menos. Não sei por que esperar o fato acontecer, para só depois tomar a atitude de preservar a vida.

Devemos parar para pensar que não haverá um amanhecer para muitos, talvez não vejamos nossos filhos crescerem, pensamos que somos super-homens, indestrutíveis; e esquecemos que este corpo, o qual possui mecanismos de funcionamento extremamente delicados, é muito frágil; e no dia e na noite o condenamos.

As pessoas usam drogas (inclusive os remédios antidepressivos e álcool) para buscar uma fuga; ou se convertem a uma determinada religião para buscar a salvação; e se a salvação estiver dentro de cada um de nós? A cidade onde vivemos, tem altos índices de suicídio. O problema é social, e a sociedade padece.

Parece que as pessoas não conhecem a sociedade na qual estão inseridas: uma sociedade que luta diariamente por uma redenção. Todos buscam viver bem, ter um carro legal, trabalhar em uma empresa que valorize o seu potencial (ou que o descubra) que aposte nas suas idéias e nos seus projetos…O patrulhense é muito corajoso. Está ali, pronto para enfrentar os desafios lançados, que são muitos: falta de emprego e de cursos de capacitação profissional, salários muito baixos, etc. Temos muita ilusão de uma sociedade de flores, e vilas com nomes bonitos, embora saibamos que ainda é uma subabitação. Muitas não têm água ou canos de esgoto instalados onde moram. Mas fizeram-lhes promessas e compraram muitos votos. Esses que fazem falsas promessas não honram a memória dos seus ancestrais.

Todos temos um sonho. E os sonhos são simples: um emprego de carteira assinada, comida na mesa, contas em dia. Ainda assim, temos uma vida quase digna. dentro de uma sociedade que segrega o negro, o homossexual, ou qualquer um que tenha uma idéia ou postura diferente.

Oremos!

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