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Sobre sonhos

Sabe aquele despertar em que você ainda se encontra enredado, transitandona teiados sonhose nos quais “agendou” não apenas um único, inúmeros compromissos para o dia seguinte? Pois é! Esse mesmo!

Assim, emergem a duplicata vencida a ser paga;a matéria que você não preparou para ministrar na aula daquele dia; um processo licitatório que ficara inconcluso e do êxito deste resultará a promoção à função de diretor de sua autarquia;sacar da poupança o dinheiro investido para a renovação deste grande sonho: a viagem a Jerusalém, Istambul e Capadócia; o encontro com a mais recente e tão desejadanamoradinha, ou um jantar com o elegante empresáriopara quem você há meses vem jogando seu charme.

E quando você põe os pés nos chão – um de cada vez, é claro, pois quem tem os pés no chão não vai pra frente! – cai, não a “ficha”,despenca um cofre, espatifa-se um piano sobre a sua cabeça: Mas como? Suas contas estão todas pontualmente pagas! Você deixou de ser professora e goza da justa aposentadoria.Você não tem trabalho algum pendente, sua autarquia há muito foi extinta por manobras daquele sórdido ex-governador!Você nunca teve uma polpuda poupança, sequer conhece Jerusalém, Istambul e menos ainda a Capadócia!E que cobiçada e jovem namoradinha que o sonho mostrou e você nunca em momento algum de sua vida vislumbrou o belo rosto da moça, ou o ambicionado empresário para quem você escancarou todo o poder de sedução, se ambos – não necessariamente um com o outro – há tempos são casados (o que não é fator impeditivo para undouceaffaire.)?E quando esses sonhos se tornam recorrentes?

Segundo Freud a interpretação dos sonhos é a via real que leva ao conhecimento das atividades inconscientes da mente. Para Freud a pessoa que sonha sabe o significado do seu sonho, apenas não sabe que sabe, e isso porque a censura o impede de saber.  O sonho contado passa por distorções causadas pela censura em um processo chamado Elaboração Onírica ou Trabalho do sonho, que tem como objetivo proteger o sujeito da ameaça dos seus sonhos. Para Freud a linguagem é o lugar do ocultamento, o que se apreende através do relato, oculta um significado mais importante, o verdadeiro desejo. Este desejo é o da nossa infância com todas as interdições a que é submetido.

E, indaguei acima, se aquelas situações oníricas ao nosso despertar se tornam repetitivas, ou recorrentes?

Sonhos recorrentes são alertas do inconsciente quanto à necessidade de resolver algo interno ou externo. É a forma do si-mesmo, via inconsciente, enfatizar um problema  não resolvido, um padrão de comportamento não superado, uma situação que está sendo evitada ou alguma coisa ainda não aprendida. Quando isso ocorre, você terá sonhos contendo sempre os mesmos elementos simbólicos.

Um exemplo concreto: alguns anos atrás eu tinha sempre sonhos com dois elementos, avião e avenidas urbanas. Sonhava repetidas vezes que pilotava um avião que transitava por ruas e avenidas e jamais encontrava a segura possibilidades de decolagem, em razão dos postes e dos fios que eles sustinham. E o avião “taxiava” infinitamente pelas ruas da cidade, me impedindo de seguir para o alto ee ir aonde eu queria. Havia neste sonho elementos arquetípicos, como os existentes no mito de Sísifo, aquele mortal condenado por Zeus a empurrar uma grande pedra até o topo de um morro, de onde ela rolaria até o sopé da montanha, sendo Sísifo obrigado a recomeçar o trabalho, eternamente.

Não mais tenho, garanto-lhes, este específico sonho.

E você, já se perguntou quem seria a cobiçada e jovem namoradinha que o sonho lhe mostrara e você nunca, em momento algum de sua vida, vislumbrou o belo rosto da moça? E quem seria o elegante empresário?

Fale,externalize seus sonhos. Sou todo “ouvidos”…

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