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Tem um vírus no meu coração – Por Carolina Chiabott

foto-de-capa-4Detesto quando acaba entrando um vírus num dos meus aparelhos eletrônicos. Eles embaralham tudo, fecham o sistema, mandam coisas para as pessoas sem eu querer, danificam, desligam, quebram tudo. Sem nenhum controle, e geralmente de uma forma irredutível. Você acaba sendo obrigado a chamar ajuda, porque nem sempre os programas contra eles conseguem eliminar o problema. E nem sempre sai barato retirá-lo. E ainda ouso dizer, que no meu caso, eu fui advertida. Sabia exatamente qual site poderia conter, e qual não. Em qual propaganda clicar, ou o quão perigoso era manter o “mouse” em certa parte da tela. Mas minha irredutível esperteza cega me dizia que eu nunca teria problema. Tinha um antivírus potente, e eu tenho anos de internet.

E então eu era pega. Numa armadilha bem engenhosa.

Não era a minha intenção trazer um texto tão aparentemente tecnológico, mas sou obrigada. Porque é a melhor forma que eu encontrei pra trazer metaforicamente o que acontece quando o nosso coração se transforma num alvo fácil e gritante para o vírus entrar. E se estamos falando que o coração é o sistema, então o que seria o vírus?

Você deve pensar que é o pecado.

Certo, eu também pensaria.

Mas só por agora, quero que além do pecado pense comigo: o que poderia ser o seu vírus hoje?

Enquanto você pensa, vou continuar meu raciocínio.

Quando eu nasci, nasci com esse coração. Além do órgão, o meu coração espiritual. Aquele que é tanto citado na bíblia, e com isto posso mencionar mais de setecentas vezes em que o termo aparece. Entretanto, quando nasci fui sempre instruída a acreditar que o meu coração era um lugar imenso, e que cabia muita coisa lá dentro. Cabia os meus pais, minha professora de artes e o cachorro novo que eu tinha ganhado. Cabia minhas bonecas, meu livro favorito. E cabia Jesus, é claro. E sempre fora assim, a medida que eu crescia, tinha a sensação que meu coração só aumentava, e sendo assim, mais coisas podiam acrescentar, ou melhor dizendo, preenchê-lo.

Já se sentiu assim? Como se coisas o preenchessem? Bom, eu sempre. E nem todas ocupavam o mesmo tamanho. Algumas coisas, ou pessoas eram mais importantes; outras nem tanto. E me tornei mais velha com estes pensamentos.

Não encontraria problema nisto. Até o ponto em que cada uma dessas coisas, por mais bonitas que fossem, podiam ser portas para vírus.

Pode gritar agora comigo, e querer rasgar o texto. Mas antes disto, deixe-me usar um exemplo que vai parecer até um pouco idiota: quando eu era criança, eu tinha um cachorrinho que eu amava. Não quero dizer que meu cachorro era um vírus. Ele era muito legal! Quero que entenda que um dia eu me mudei de cidade e tive que abandonar o meu cachorro. Não o tinha mais, e não o veria mais. Então aconteceu algo assombroso: ficou vazio o espaço dele no meu coração.

Quanta obviedade.

Mas machucou.

O seu coração é fonte de vida, e de sentimentos. Mais do que isso, é uma morada.

Nem sempre os vírus vão ser pecados. Mas e se uma dessas coisas que ocupa grande ou pequeno espaço fosse tirado de você, como seria? O que se tornaria a cratera deixada? Como continuaria com um buraco fundo e irreparável? Talvez, arrisco a dizer, até insubstituível?

Depois de muito tempo, eu ainda aprendo qual foi o meu erro.

Descubro que meu coração só deveria ter um dono, desde o inicio.

Sei que talvez você já saiba, porém me deixe enfatizar sobre este dono.

Jesus, o nome dele. O inquilino mais doce e respeitável. Seu coração não corre riscos de adquirir vírus de dor, frustração, ou abandono com ele. Pelo simples fato de Cristo ser perfeito. Ele não irá embora, não desistirá de você, não deixará de te amar. Uma fonte de vida, de amor, de alegria. Um dono cuidadoso, paciente e interessado. E que merece todo o espaço. E eu sei, não é confortável liberar tanto espaço para uma só pessoa, porque afinal, é muitos metros quadrados de coração! Mas Ele deve ser o Rei. E não há satisfação e honra maior do que ter o dono do Universo, o Criador ocupando cada cantinho, cada curva e vão. Sem riscos, sem crises. Alicerçados com Ele, protegidos por Ele.

O que poderia te causar vírus hoje?

Uma pessoa? Um objeto? Um sentimento?

Jesus me permite o que chamamos de extensões. Extensões do meu coração. Nelas estão minha família, amigos, sonhos e projetos. Como se fossem ligadas a ele, mas não o ocupam. E não é um passe de mágica, e nem algo definitivo. É uma caminhada diária, porque às vezes eu ainda quero deixar uma dessas extensões se “adonar” de um terreno que não pertence a elas dentro do meu coração.

Dar a Jesus, todo – eu disse, todo – o meu coração me garante que quando uma dessas extensões for rompida; se for embora, se me decepcionar, ou entre tantas coisas que podem acontecer, o meu coração permanece firme. Não é como se virássemos gigantes de pedra, incorruptos e sem emoções. Mas fortes na rocha, que é Cristo, e confiantes que Ele nunca se abala.

Te convido a tentar comigo. Experimente abrir espaços em ti, e pedir pra o Rei expandir as terras, tomar conta! Deixe o resto todo ser uma extensão, e torne o seu coração pertence de só uma pessoa. Do nosso amado Papai.

Carolina Chiabott nasceu em 1995 em Porto Alegre – RS e cresceu numa prainha titulada de Tramandaí. Recém formada em missões transculturais no CTM Vayikrá, tem o sonho de usar a escrita pra anunciar no mundo os ensinamentos de Cristo em formato de ficção juvenil. Tenta combinar sua paixão por escrever com todo o tipo de arte existente, não atrasar as séries e ser uma boa filha.

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