Tempo seco começa a preocupar produtores de milho e feijão do estado
O tempo seco e com poucas precipitações – localizadas e em volumes insuficientes para amenizar o déficit hídrico – tem preocupado os produtores de milho e feijão, principalmente aqueles que possuem lavouras em floração e formação de grãos, fases muito sensíveis à falta de umidade no solo. De agora até o final deste mês, será o período decisivo para essas culturas.
Segundo dados do Informativo Conjuntural, elaborado pela Emater/RS-Ascar, as raras precipitações que ocorreram ainda não alteraram o quadro da lavoura do feijão no Estado, e a situação da cultura começa realmente a preocupar. O plantio da 1ª safra está se encerrando e 75% da cultura encontra-se em fase de formação de grãos. Até o momento, as parcelas colhidas de cerca de 5% da lavoura mantêm boa produtividade, bem acima de 1,2 tonelada por hectare.
Apesar das dificuldades enfrentadas pelos produtores, a atual safra de milho encontra-se adiantada em termos de plantio se comparada com os anos anteriores. Porém, em pontos isolados, começam a aparecer lavouras com claros sinais de prejuízo devido à falta de umidade. E as lavouras que se encontram em maior risco são aquelas em floração e enchimento de grãos e que, atualmente, perfazem 36% do total. Nas áreas que se encontram em desenvolvimento vegetativo, a falta de umidade dificulta, ou mesmo impossibilita, as adubações em cobertura, essenciais ao bom desenvolvimento das plantas e ao rendimento final das lavouras. Nos locais onde ocorreram as poucas chuvas registradas nesta semana, o plantio pôde ser efetivado, elevando o percentual de área semeada para 82% do total previsto.
Já o plantio da safra de arroz 2012 está praticamente concluído, restando apenas poucas e pequenas áreas que ainda não foram semeadas devido à diminuição da umidade do solo. As áreas implantadas recentemente têm enfrentado dificuldades na germinação das sementes e no estabelecimento inicial das plântulas, necessitando antecipação da irrigação. Naquelas semeadas há mais tempo (outubro/novembro), o desenvolvimento é considerado normal e, paradoxalmente, beneficiado pelas condições de insolação e altas temperaturas, consideradas ideais desde que acompanhadas de irrigação abundante.
Já produtores de alho e de cebola intensificam a colheita. A cultura do alho, que está em final de ciclo, foi apressada pelo clima e apresenta bulbos de calibre pequeno, porém firmes e de boa sanidade nos 40% da área colhida na Serra. Por apresentar parte aérea com pouca umidade, grande parte da produção está sendo armazenada diretamente nos galpões, sem passar pela pré-cura na lavoura. Também na Serra, a colheita das variedades precoces de cebola está em conclusão, com bulbos sadios e de calibre médio. Normalmente, parte da produção é colhida e vendida “verde” (sem cura), mas no momento está sendo guardada nos galpões, face ao mercado emperrado e às baixas cotações.
Em Arroio dos Ratos, 34 produtores deverão colher, neste ano, mais de 13,6 mil toneladas de melancia. A expectativa para a safra neste ano é de que a produtividade se mantenha dentro do esperado, ou seja, que chegue a patamares acima de 25 toneladas por hectare. Essa produtividade foi mantida em razão de condições climáticas (calor e baixa umidade) que favoreceram o desenvolvimento das plantas. No entanto, o ciclo está sendo acelerado e aquelas lavouras que não receberam irrigação têm desenvolvimento foliar menor.
A uva, na Serra gaúcha, encontra-se fortemente debilitada, com as folhagens amarelecidas e estagnadas no crescimento dos ponteiros. Devido às condições de deficiência hídrica, as bagas estão pequenas, murchas e de coloração rosada. Os viticultores estão recorrendo a todos os meios possíveis para salvar a produção e as plantas, até mesmo transportando água com tonéis. A produção e a manutenção da palhada contribuem decisivamente para não agravar ainda mais a situação.
Neste período do ano, produtores de leite praticam o pastoreio rotativo nas pastagens perenes de verão como o tifton, que em algumas regiões, como Santa Rosa, vêm apresentando problema de rebrote devido à falta de umidade no solo e à redução das temperaturas, especialmente no período noturno. As pastagens anuais de verão como milheto, sorgo, entre outras, também começam a ter problemas de desenvolvimento e de rebrote por falta de água. No entanto, na região de Santa Maria, as condições climáticas da semana que passou foram favoráveis ao desenvolvimento das pastagens cultivadas de verão, mantendo alta a produção de leite. O rebanho bovino de leite da região apresenta boas condições sanitárias e nutricionais, com baixa incidência de ecto e endoparasitas.