Treze à mesa
Nelas registrara tudo que havia visto e as emoções que sentira a cada acontecimento; as alegrias e os sofreres, os sonhos e as desilusões; as reais dimensões de nossa condição humana; de que nem tudo é Serenidade no grande Mar de nossa travessia.
Releu suas remebranças e, disposto delas compartilhar, convidou os amigos para, ao entardecer, comerem um pequeno biscoito e beberem um frugal chá com ervas que trouxera do oriente.
Oito se fizeram ausentes. Em torno da mesa, treze amigos, em sincera comunhão de corações e mentes, não perceberam a madrugada os saudar, sequer, os raios luminosos da nova manhã. Muito havia, ainda a ser contado.
Uma vez mais o poeta convidou os amigos para o mesmo ritual. Os mesmo treze uma vez mais se uniram. O sol poente resplandecendo nas xícaras, de onde exalava o suava perfume das ervas florais, perguntavam-se o que era dos oito faltantes.
Um fora passear a cavalo em evento festivo.
O segundo contava dinheiro.
O terceiro viajara para cervejarias alemãs.
O quarto arrancara da memória suas antigas raízes.
O quinto fora cercar suas terras.
Dois perderam-se nos descaminhos do pó e da fumaça.
O último, escravo da sórdida política, negara, setenta vezes sete vezes, ser amigo do poeta.
O poeta decidiu, para o Réveillon, carnear uma rês e cinco tonéis de vinho.
Oito já confirmaram presença.