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Velhos e babões

Os Césares Khourys de plantão, por precaução, e se ainda possuem mínima lucidez, hão de colocar suas “barbas de molho”.

Não há como fugir do arquétipo recorrente que o folhetim global, “Amor à Vida”, nos atira nas fuças no horário nobre de todas as noites: o sexagenário empresário, profissional liberal bem sucedido, rico e poderoso, caricaturado, no entanto, como  o velho babacas que renega a família – esposa, filhos, netos – e lança-se, como salivante e reles cusco, aos pés de sua “doce” e sensual “Aline”, no frescor de seus vinte, vinte e cinco anos.

Os trinta anos que separam um da outra têm o gosto de láurea, de um troféu conquistado nas pistas de Fórmula 1, ou a cabeça empalhada da fera morta em perigoso safári e que o “macho” vaidosamente, ostenta na rodinha de amigos.

Não há, é claro, como generalizar essa e toda a “chutação de balde” (a coragem de pôr término no casamento de mais de três décadas já sem qualquer sentimento e/ou combustível químico que o abasteça) para lançar-se aos braços de um jovem e sarado amante (porque o inverso também é verdadeiro) com seus vinte e poucos anos, como resultante de inconsequente e imatura atitude de autoafirmação. Não! Casos há em que isso é a saudável solução para todas as partes envolvidas.

Mas as “Alines”, sim, despem-se então da doçura e sensualidade que despertaram a libido dos adormecidos Césares Khourys e desnudam a mercenária e calculista que sempre realmente foram.

A 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) julgou na terça-feira última, 8, Recurso Extraordinário (RE) relacionado à possibilidade de uma amante que mantém relação estável com um homem casado ter direito a receber pensão alimentícia. A expectativa é de que essa decisão firme, oficialmente, entendimento nacional sobre esse tema. O STJ decidiu que amante que mantém relação estável tem direito a receber pensão. O julgamento tratou de um caso de uma mulher do Rio de Janeiro que manteve um relacionamento extraconjugal com um homem casado durante 30 anos e, após, separaram-se. A mulher alegou nos autos que era sustentada por ele e teve um filho fruto desse relacionamento.

Não se fiem os caboclos locais, arremedos de “Césares Khourys”, que por não serem tão poderosos (mas não menos babacas) e ricos quanto a personagem do folhetim da Rede Globo (quando muito, dão uma lambretinha de mínimas cilindradas para as não tão ingênuas e nativas “Alines”), por não manterem affaires extraconjugais por tantos anos a fio estão livres de levar uma “bola” processual nas costas.

Aí, sim, a legítima “Dona Pilar” vai subir nas tamancas!

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