Vendendo vento em garrafão

Nos tempos de 8ª série na Escola Rural, lá pelos idos de 1984, que longe vão, uma cantiga adaptada da letra original dos Discocuecas, embalava as nossas brincadeiras: “ hei hei tchê, cuida da água que é pra não ferver… E me diz logo num repente, o que tu quer ser o vivente: Quero morar lá em Osório; e usar calça de suspensório; ganhar dinheiro de montão:

VENDENDO VENTO EM GARRAFÃO!!”.

Naquela época, ainda não existia qualquer projeto de usina eólica no território nacional. Era coisa de europeus e americanos que só ouvíamos falar nas histórias de Don Quixote e seus moinhos de farinha tocados a catavento. Hoje Osório e o litoral norte perfilam aerogeradores onde antes se ‘plantavam’ bois e arrozais ou onde nada mais acumulavam senão dunas insólitas e sem qualquer futuro econômico.

Osório já começa a ter sua usina duplicada e, de lambuja, recebe a notícia de que novos empreendedores da serra gaúcha estão trazendo uma outra Usina Eólica de médio porte.

O vento que a todos incomodava e trazia poeira pra lacrimejar os olhos, agora nos trás esperança de novas e consideráveis fontes de renda, emprego e atração de mais empresas. As grandes empresas da Serra Gaúcha já olham para Osório e percebem a excelente localização, que em muito facilita a logística de acesso aos portos de Porto Alegre e Rio Grande.

Além disso, a farta oferta de energia e de redes de distribuição, aliadas à imensidão dos mananciais são complementos importantes para ajudar na decisão de pra cá transferir suas plantas produtivas. Empregos, com bons salários, teremos com fartura. Resta saber se teremos como receber e acomodar de forma digna as inúmeras pessoas que para cá virão atrás destas oportunidades de trabalhar e de bem morar.

Uma das únicas cidades do litoral que ainda não possui favelas, Osório terá por desafio o planejamento de um crescimento diferenciado para os próximos anos. Mobilidade urbana, logística de transporte público, moradias, saneamento, escolas e lazer para seus moradores, entre outras celeumas.

Não são poucos os desafios para o novo prefeito a ser eleito em 2012. A perda dos fartos recursos da Petrobrás, prevista para 2014, começa a ser vislumbrada no horizonte e serão necessárias muitas empresas e dezenas de novas torres de captação de energia para cobrir o rombo deixado pela ida do Tedut para Canoas e, ainda,  permitir novos investimentos, tão necessários para um desenvolvimento sustentável da cidade.

Crescimento sem planejamento resulta no que ocorre com Tramandaí e Xangri-lá, onde as favelas se amontoam na mesma velocidade com que surgem prédios de 18 andares. Condomínios de luxo ao lado de casebres de compensado e papelão não são desejáveis na Osório que queremos.

Mas política pública urbana precisa ser feita com longo prazo, por isso o PPA (Plano Plurianual) é construído de 4 em 4 anos.

Abrindo um parêntese, nosso ilustre prefeito Romildo afirma que o Teleférico vai ser construído e que o projeto está na fase de liberação das Autorizações do Ibama, Fepan, etc.

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