Zé de Alencar
De repente, aparece o homem de terno e gravata recebendo uma medalha oferecida pelo Município de São Paulo. Desnecessário é falar da luta do Zé, para manter-se vivo. Luta esta que se constitui em exemplo para todos os brasileiros que nos desesperamos, muitas vezes, em busca de dias melhores.
O Zé de Alencar sabe que tem uma vida limitada e dentro do espaço desconhecido que lhe resta luta para mantê-la digna e, corajosamente, desafia a morte. Para ele, não existe passado e o futuro é algo que ainda não chegou.
O seu único tempo é o presente que ele vive de maneira intensa e exemplar. Quantos de nós nos angustiamos porque perdemos um emprego, porque não temos dinheiro para comprar um par de tênis ou para jantar em um restaurante de classe, porque o salário da aposentadoria nos obriga a continuarmos trabalhando, porque o verão que sonhamos teve mais chuva do que sol ou quando, no inverno, fomos a Gramado não tinha neve ou porque perdemos um amor.
O Zé de Alencar, qual um mestre silencioso, nos ensina que emprego a gente consegue, que tênis a gente compra, que jantares haverão muitos, que como é bom podermos trabalhar para viver, que nos verões o sol sempre aparece, que a imprensa de Porto Alegre, continuará produzindo neve em Gramado, que amor sempre volta, se é amor e o que vale a pena mesmo é estarmos vivos usufruindo cada nascer de sol, cada entardecer e cada noite que nos permite contemplar o céu e nos encartamos com o mistério das estrelas.
O Brasil é um país com memória programada, mas tenho certeza que o Zé de Alencar será o exemplo a ser seguido por todos aqueles que precisam de tenacidade, de coragem, de persistência, de desafio ao desconhecido, de confiança na providência e de amor a vida.