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5 causas do cansaço nas pernas

Sentir as pernas cansadas parece algo comum, mas será que esse desconforto é apenas resultado de um dia agitado? Em alguns casos, isso sinaliza problemas que merecem mais atenção. Segundo a Dra. Aline Lamaita, cirurgiã vascular, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, “se o cansaço é algo mais rotineiro, ele pode significar um problema de saúde, com quadros circulatórios ou outras condições médicas específicas, por isso ele precisa ser avaliado”. Por isso, confira 5 causas do cansaço nas pernas que precisam ser investigadas :

1. Doença arterial periférica

Quando as pernas doem ao caminhar, principalmente quando se trata de pouca distância, isso pode ser sinal de doença arterial periférica (DAP). “A doença arterial periférica prejudica a circulação do sangue e provoca, entre outras coisas, dor na hora de caminhar. Na maior parte das vezes, a obstrução ocorre quando há acúmulo de placas de gordura e perda de flexibilidade nas paredes dos vasos sanguíneos arteriais, responsáveis por levar o sangue para nutrir as extremidades como braços e pernas, sendo mais comuns nos membros inferiores”, explica a médica Aline Lamaita.

A doença apresenta uma prevalência de 10 a 25% na população acima de 55 anos, aumentando a incidência progressivamente de acordo com a idade. Cerca de 70 a 80% dos portadores são assintomáticos, fato que pode retardar ou dificultar o diagnóstico precoce, fundamental para o início do tratamento o mais rápido possível, melhorando as chances de um tratamento eficiente. O quadro, segundo a Dra. Aline Lamaita, sinaliza que há algo de errado com outros vasos do corpo.

“Indivíduos com DAP correm risco 60% maior de entupimentos nas artérias que irrigam o cérebro e o coração, trazendo perigo de infarto e AVC”, alerta a cirurgiã vascular. Os sinais principais aos quais se atentar são: fadiga e fisgadas na perna, principalmente na panturrilha; sensação de cãibra ao caminhar ou se exercitar; perda de pelos nas pernas; unhas dos pés enfraquecidas; coloração esbranquiçada dos membros inferiores e infecções recorrentes nos pés.

“Nos casos mais avançados, pode ocorrer impotência sexual, dor nas pernas mesmo em repouso, redução da temperatura dos membros inferiores, formigamentos e eventual aparecimento de feridas ou gangrena nos pés pela condição de extrema falta de circulação”, completa.

Quanto ao tratamento, a Dra. Aline Lamaita diz que o primeiro passo é eliminar ou reduzir ao máximo os agentes que causam a obstrução. Não há medicamentos específicos, mas o médico pode prescrever anticoagulantes para tentar melhorar a perfusão sanguínea. O exercício físico também faz parte do tratamento, pois estimula a circulação colateral, porém deve ser feito com orientação especializada de um profissional de educação física.

2. Condições vasculares

Lipedema, trombose e varizes podem resultar em cansaço nas pernas. “A sensação de peso e cansaço nas pernas é comum nessas condições vasculares por algumas causas distintas. No caso do lipedema, o depósito de gordura desproporcional e altamente inflamatória nas pernas causa nódulos e dor ao toque, com sensação de peso também pela dificuldade do retorno venoso. Já na trombose, um coágulo se forma e causa dor e inchaço na perna afetada”.

A profissional explica que, “no caso das varizes, a sensação de cansaço é geralmente sentida ao final do dia e ocorre pela dificuldade do sangue retornar ao coração. Esse acúmulo confere a sensação de peso e pernas cansadas”, diz a Dra. Aline Lamaita. Segundo ela, “todas essas condições precisam ser diagnosticadas e acompanhadas pelo cirurgião vascular, que poderá indicar o tratamento mais adequado”.

3. Mialgia pós-treino

Existem vários tipos de dores musculares (mialgia), e o mais comum é que ela aconteça após algum tipo de esforço físico, nesse caso dos músculos da perna. “A dor do pós-treino é sentida durante ou após a execução do exercício, até 24 horas depois, e pode se manifestar com dificuldade de extensão e flexão dos músculos da perna, fadiga e câimbras. Essa dor muscular pós-treino acontece pelo acúmulo do ácido lático nos músculos ou pode estar associada a microlesões nos músculos. É geralmente autorresolutiva, quando ocorre o descanso necessário. Mas, se esse tipo de dor for frequente, o mais indicado é procurar um médico para verificar alguma alteração circulatória ou musculoesquelética importante ou dosar o volume de treino”, completa a médica.

Dois homens e duas mulheres correndo em parque
Os exercícios físicos são uma necessidade no dia a dia para evitar o sedentarismo e suas consequências, como a trombose (Imagem: Ground Picture | Shutterstock)

4. Sedentarismo

Uma das causas do cansaço nos membros inferiores é a falta de atividade física. “O sedentarismo é o nosso novo cigarro. O ser humano foi desenhado para estar em movimento e o imobilismo está relacionado a várias doenças, dentre elas a trombose. É importante manter um dia ativo, independentemente da prática de exercícios físicos. Praticar uma hora de exercícios por dia é bom, mas se você fica sentado todo o restante do tempo, isso continua sendo perigoso”, alerta a Dra. Aline Lamaita. A dor, nesse caso, tem relação com a fraqueza muscular e a diminuição da circulação.

5. Artrite e artrose

Ambas as condições podem afetar a mobilidade. “A artrite é uma inflamação das articulações, enquanto a artrose é uma condição degenerativa que resulta do desgaste da cartilagem nas articulações. Ambas podem causar dor e limitação de movimento, com consequente cansaço nos membros inferiores, mas suas causas subjacentes são diferentes. Ou seja, a osteoartrite é um tipo específico de artrite que está relacionada ao desgaste da cartilagem das articulações”, explica o Dr. Marcos Cortelazo, ortopedista especialista em joelho e traumatologia esportiva.

Por fim, a Dra. Aline Lamaita destaca que existem outras causas para o cansaço nas pernas, como neuropatias e até anemia. “No geral, bons hábitos de vida são importantes para diminuir a sensação de cansaço nas pernas. Atividade física, boa alimentação e, em alguns casos, uso de meias elástica orientadas pelo médico cirurgião vascular são dicas importantes”, finaliza a Dra. Aline Lamaita.

Por Guilherme Zanette

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