51, uma boa ideia

Existem propagandas e slogans “que pegam”. Grudam como aquela música que tentamos esquecer e não conseguimos. Você, certamente, já deve ter escutado isso. Da mesma forma que já ouviu: “Bombril, 1001 utilidades”, “Nescau, energia que dá gosto”, “Skol desce redondo”, “Nike, just do it”. Ainda existem aquelas regionais. Eu, que sou gaúcho, poderia citar duas que exemplificam bem o orgulho que temos da nossa terra. O primeiro é do Banco do Estado: “Banrisul, melhor porque é nosso”, uma clara alusão à não privatização do mesmo. O segundo exemplo é de uma marca de cerveja chamada Polar: “Polar é NO Export”, numa referência ao fato desta ser vendida apenas em território gaúcho. Enfim, muitos são os exemplos. Afinal, publicitários e marqueteiros estudam anos para tentar nos convencer de que um determinado produto é diferenciado e que você necessita desse produto. E não é que eles conseguem!

Na maioria das situações, quando comparamos um produto realizamos uma análise relativa de preços. No entanto, algumas vezes realizamos certas abstrações. Eu, particularmente, sou fã de algumas marcas, posso citar sem compromisso umas duas aqui: a maionese Hellmanns e a margarina Qualy. Veja bem que não estou fazendo propaganda, afinal gosto é uma coisa muito pessoal. Cada um tem o seu. Para mim, com maionese e margarina não há muito o que discutir nem o que analisar. Parece que, de certa forma, deixamos de lado aquilo que o pensamento científico do século XX convencionou chamar de “Homus Economicus”, que nada mais é do que o racional econômico por trás das decisões de consumo.

Obviamente que seguindo essa linha de raciocínio, você deverá estar pensando que sou fã da famosa “Caninha 51, uma boa idéia”. Na verdade não gosto de cachaça. Prefiro vodka. Mas, como disse, gosto é algo muito pessoal. No entanto, você não acha o slogan muito bom? Acho genial, pois qualquer exemplo que envolva o número 51 é passível de se tornar um convite a apreciação do destilado. Essa campanha criada em 1978, foi pensada para o rádio e, até hoje, é conhecida.

E por que o número 51? Não faço idéia, mas uma boa idéia relacionada ao número 51 é começar a investir com a bolsa nos 51 mil pontos! E, nessa semana, o Ibovespa iniciou nos 51.243 pontos. Parece que os investidores se deram conta de tal fato e foram às compras. Como resultado, tivemos uma semana de ganhos na bolsa brasileira. Basicamente o que deu o tom foi um plano desenhado por França e Alemanha que visa resolver a crise de dívida da zona do euro e restaurar o combalido setor bancário do bloco. A chanceler alemã, Angela Merkel, disse que ela e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, “estão determinados a fazer o necessário para garantir a recapitalização dos bancos europeus.” A possibilidade de um fim para a crise européia rendeu boas compras aos investidores.

Bom e agora? É interessante investir nos 55.030 pontos? A meu ver sim!

Digo isso sem deixar de lado o Homus Economicus. Muito pelo contrário. Analisando friamente os dados e as perspectivas econômicas de países semelhantes ao Brasil, como Índia, China, México e Chile, entre outros, digo e afirmo que é, sim, uma boa idéia! Lembra que eu falei de análise relativa, quando comparamos produtos?

Pois é, quando comparamos o valor de uma companhia com o lucro que esta obtém em um ano, chegamos a um indicador muito utilizado no mercado: a razão entre preço e lucro (P/L). O racional por trás disso é comprar empresas que possuam a menor razão, pois estas supostamente seriam a melhor relação entre o preço e o lucro que a empresa consegue auferir. Realizando essa comparação vemos que atualmente a bolsa Indiana negocia a um múltiplo de 15x, a Chinesa de 13x, a Mexicana de 18x e a Chilena de 16x.

Enquanto isso, nossa bolsa negocia a apenas 8,5x, contando ainda com as perspectivas de crescimento de nossa economia, mesmo num cenário de desaceleração global.

Enfim, deixando a caninha de lado, acredito que essa seja uma boa ideia, seja nos 51, ou mesmo nos 55 mil pontos.

William Castro Alves, CNPI 896

Analista XP Investimentos

Comentários

Comentários