Tragédia Grega
A semana começou com os investidores repercutindo o anúncio na sexta (16/4) de denúncias de fraude feitas pela Securities and Exchange (SEC, a CVM dos gringos) contra o Goldman Sachs. Recapitulando: a SEC acusou o Goldman e um de seus vice-presidentes de fraude na estruturação e comercialização de uma obrigação da dívida colateralizada (CDO) – justamente um produto ligado a hipotecas subprime que estiveram na origem da crise global.
Para completar, um vulcão entrou em cena e atrapalhou o tráfego aéreo europeu. O que poderia ser um sonho (como ficar preso em Paris) virou pesadelo em termos econômicos. A erupção vulcânica durou o suficiente para gerar prejuízos significativos para as companhias aéreas, impactar setores importantes e afetar certos aspectos econômicos e, como o mundo é globalizado, todos ganharam uma pontinha desse presente grego.
Falando em grego, novamente quem roubou as atenções na semana foi a novela preferida da economia mundial: o caso da dívida da Grécia.
O primeiro capítulo da semana foram alguns downgrades, por parte das agências de risco, a nota dos títulos gregos. O motivo foi que o déficit, anteriormente calculado pelo governo, em torno de 12% do PIB, foi recalculado pelo mercado, alcançando um rombo mais significativo do que o anunciado anteriormente – cerca 14% do PIB. A notícia foi negativa, pressionando quedas generalizadas nas bolsas globais. No entanto, como todo bom drama, o quadro se inverteu nesta sexta-feira, dando uma cara de final feliz para a semana.
Profundamente, endividada e desacreditada de que possa resolver seus problemas financeiros sozinha, a Grécia apelou na sexta-feira (23/4) a seus parceiros europeus e ao Fundo Monetário Internacional (FMI), recorrendo à ajuda de 45 bilhões de Euros disponibilizada para socorrer o déficit do país. Prontamente, tanto a União Europeia quanto o FMI, afirmaram que devem disponibilizar o recurso sem muitas delongas, agradando ao mercado e às autoridades globais.
Diante dessa bateria de eventos econômicos, o Ibovespa passou a semana, literalmente, entre altos e baixos e surpreendeu fechando a sexta-feira em 0,18 de alta. Internamente nós já temos a prévia dos próximos capítulos. No final da próxima semana será conhecida a nova meta para a Taxa Selic, que deve acalmar a curiosidade dos investidores a respeito do tamanho do aumento dos juros no Brasil. Adicionalmente, o dilema de capitalização da Petrobras deve seguir no radar. O presidente da companhia continua dando perspectivas de que tudo deve ser resolvido no primeiro semestre e analistas de mercado já apostam suas fichas de que assim que essa questão for esclarecida o Ibovespa está pronto para buscar novos patamares.
Fonte: Área de Análise XP Investimentos