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Urgente: nós, os professores

A partir de hoje, e dentro do possível com alguma regularidade, ou enquanto os internautas ou o editor do site permitirem estaremos ocupando um pequeno espaço  neste importante veículo de comunicação que é o LITORALMANIA, para fazermos alguns apontamentos sobre temas diversos, como saúde, educação, economia, esportes, política,  noticias sociais, segurança, enfim, abordaremos temas variados e fatos diversos, que digam respeito a nossa comunidade osoriense e litorânea, e até além das fronteiras, e aceitaremos também dos internautas sugestões de assuntos para serem abordados neste espaço.

A coluna levará o nome “EM ESTADO DE ALERTA!”, pois há alguns anos já usei este mesmo nome em uma coluna que escrevi por quase dois anos no jornal O BOTO, de Imbé, e como acredito que o título tem a ver com minha postura enquanto cidadão, que é estar ligado em tudo que ocorre à minha volta e disposto a contribuir modestamente com o que for possível com a boa informação, a critica e a reflexão de temas atuais.

Obrigado pela acolhida, e  retomo então as letras, e sempre EM ESTADO DE ALERTA!

Nesta coluna de abertura, abordarei o tema EDUCAÇÃO, e transcrevo um e-mail que mandei recentemente para mais de 50 colegas professores, seguido do texto que recebi, também por email, e que serviu de inspiração para minhas considerações.

URGENTE: NÓS, OS PROFESSORES.

Olá pessoal,

Tomo a liberdade de repassar este texto que a meu ver sintetiza uma boa parte do que infelizmente vivenciamos nas nossas escolas nos dias atuais.
         
Colegas, a meu ver criou-se um emaranhado de leis, normativas  e regulamentos que retirou totalmente a autonomia da escola e, por conseguinte dos professores de tratar de temas, como o apresentado no texto, de forma mais direta e resolutiva, nos colocando num “brete” quase que sem saída.  A continuar neste ritmo, viraremos ( ou já somos ? ) escravos  absolutos dos nossos alunos, com todos os resultados nefastos disto e que muitos de nós já está provando na prática.

E a reflexão é: até quando? Como e quando vamos reagir?  Vamos continuar aceitando e ficando sujeitos a estes disparates?
 
Como o professor da história declarou, ele tem outras opções e pode até jogar tudo para o ar, mas e aqueles que se prepararam a vida toda para serem educadores, e trazem isto como um dom ou um desígnio divino, o que  vão fazer? Resignar-se e aceitar, até que sejamos os próximos a sofrer estes absurdos abusos ou coisa ainda pior?

Realmente, temos que começar a pensar melhor sobre tudo isso, senão daqui a pouco não teremos mais mestres-heróis  nas escolas para ensinar nossos próprios  filhos.

Em tempo: Que tal a gente sugerir colocarem ROBÔS para fazerem este serviço também, afinal estão automatizando tantas atividades ditas “PERIGOSAS”.  E ainda nem falamos de remuneração, ou seja, lá como chamam as migalhas que nos pagam dizendo ser “salário”.

Histórias de professor

Caro Juremir (CORREIO DO POVO)!

Meu nome é Maurício Girardi. Sou Físico. Pela manhã sou vice-diretor no Colégio Estadual Piratini, em Porto Alegre, onde à noite leciono a disciplina de Física para os três anos do Ensino Médio.

Pois bem, olha só o que me aconteceu: estou eu dando aula para uma turma de segundo ano.
Era 21/06/11 e talvez pela entrada do inverno, resolveu também ir à aula uma daquelas alunas “turista” que aparece uma que outra vez para “fazer uma social”. Para rever os conhecidos.

Por três vezes tive que pedir licença para a mocinha para poder explicar o conteúdo que abordávamos. Parece que estão fazendo um favor em nos permitir um espaço de fala. Eis que após insistentes pedidos, estando eu no meio de uma explicação que necessitava bastante atenção de todos, toca o celular da menina, interrompendo todo um processo de desenvolvimento de uma ideia e prejudicando o andamento da aula.

Mudei o tom do pedido e aconselhei aquela menina que, se objetivo dela não era o de estudar, então que procurasse outro local, que fizesse um curso à distância ou coisa do gênero, pois ali naquela sala estavam pessoas que queriam aprender'' e que o Colégio é um local onde se vai para estudar''. Então, a “estudante” quis argumentar, quando falei que não discutiria com ela. Neste momento tocou o sinal e fui para a troca de turma. A menina resolveu ir embora e desceu as escadas chorando por ter sido repreendida na frente de colegas.

De casa, a mãe da menina ligou para a Escola e falou com o vice-diretor da noite, relatando que tinha conhecidos influentes em Porto Alegre e que aquilo não iria ficar assim. Em nenhum momento procurou escutar a minha versão nem mesmo para dizer, se fosse o caso, que minha postura teria sido errada. Tampouco procurou a diretora da Escola.
Qual passo dado pela mãe? Polícia Civil!

Isso mesmo, tive que comparecer no dia 13/07/11 na oitava delegacia de polícia de Porto Alegre para prestar esclarecimento por ter constrangido (?) uma adolescente (17 anos), ''que muito pouco frequenta a aula e quando o faz é para importunar, atrapalhar seus colegas e professores''.

A que ponto que chegamos? Isso é um desabafo. Tenho 39 anos e resolvi ser professor porque sempre gostei de ensinar, de ver alguém se apropriar do conhecimento e crescer. Mas te confesso, está cada vez mais difícil. Sinceramente, acho que é mais um professor que o Estado perde. Tenho outras opções no mercado.

Em situações como essa, enxergamos a nossa fragilidade frente ao sistema. Como leitor da tua coluna, e sabendo que abordas com frequência temas relacionados à educação, ''te peço que dediques umas linhas a respeito da violência contra o professor''.

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