Evento resgata a constituição histórica da pesca em Torres
Barcelos abriu o encontro com uma história inusitada. Há cerca de 40 anos, quando o setor da pesca era mais difícil por falta de recursos e conhecimentos, o pescador Euclides Mariano e um grupo de amigos foram pescar no paredão da Guarita. Ao fisgar um grande peixe, Mariano na tentativa de puxá-lo acabou caindo nas águas frias daquele inverno. Os amigos tentaram de todas as maneiras, mas não conseguiram encontrar o corpo do pescador. No dia seguinte, um cortejo de amigos, pescadores, juntamente com a família subiu o morro da Guarita para rezar e ouviram um assovio. Era Mariano agarrado às pedras, mais morto do que vivo. Resgatado com grande dificuldade, o pescador viveu ainda muito anos.
O meteorologista também falou sobre a “super pesca”, em 1962, quando durante uma semana os pescadores trouxeram do mar uma quantidade enorme de peixes. Na beira da praia, o pescado era comercializado e, em muitos casos, doado para os moradores.
Outro caso contado foi o da Indústria de Pesca Salga. João de Souza presenciou a instalação da empresa na beira do Rio Mampituba por um veranista alemão, que ficou maravilhado pela grande quantidade de cação no mar de Torres. A indústria ajudou o município com investimentos na área da pesca e também na geração de empregos, tanto em Torres, como no Passo de Torres. Nos áureos tempos, a Salga exportava o cação para a Alemanha, mas com o fim da 2ª Guerra Mundial, a indústria entrou em crise e fechou as portas.
Já o historiador falou sobre as Furnas, a identidade construída pelo município e os diversos sítios arqueológicos, principalmente na Praia da Cal, destruídos pela expansão litorânea. “A atividade pesqueira é a herança indígena e nativa que nós temos. A pesca respeita a ordem natural da vida”, ressalta Gedeon.
O Conversando com a História acontece toda última quinta-feira do mês. Em setembro, em homenagem a Semana Farroupilha, o tema será Prosa Farrapa.