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A Polícia do Estado a serviço do Governo

No atual governo estourou o maior escândalo que foram as fraudes praticadas no Detran. Durante a CPI, o cidadão Luiz Fernando Tubino, Delegado de Polícia e que foi Chefe de Polícia do governo Olívio Dutra e alvo de ataques covardes e descabidos de uma revista que faz imprensa de baixo nível, pois a serviço de interesses políticos bem definidos. Quando o Delegado Tubino era torpedeado pela referida revista acusando o governo Olívio Dutra de acobertar a loteria zoológica, diga-se de passagem, a mais honesta que temos.

Interessante que enquanto tal aqui ocorria, estávamos, minha esposa e eu em Imbituba, cidade balneária e portuária do vizinho estado de Santa Catarina, distante cerca de 200 quilômetros de onde residimos. Uma cidade pequena e muito agradável, pelo menos ao nosso gosto. Aqui malhavam o governo que teria envolvimento com a loteria “ilegal”, lá cujo estado estava sob governo do Partido Progressista, à frente de cada um dos bares da cidade e sobre o passeio, eram colocadas mesas com duas cadeiras. Uma delas destinada ao apostador e a outra ao coletor de apostas. Tudo feito da forma mais aberta possível e que somente não viam os que não queriam.

E mais, lá ainda há policiamento preventivo-ostensivo, o que aqui infelizmente só existe para constranger professores e policiais civis em greve, que a tudo via e não dava a mínima importância.  Referidas acusações não restaram provadas e Tubino processou tal publicação que acabou pagando a ele considerável soma sob a forma de indenização por dano moral. Pois o Tubino tem, na ótica de certos segmentos políticos, aquilo que é intolerável de parte de um servidor público, qual seja: ser honesto, ter coragem pessoal e denunciar comportamentos no mínimo, suspeitos quando não efetivamente desonestos. Assim foi quando conseguiu mostrar à sociedade de nosso estado que a venda do Detran ao interesse privado tinha algo nojento por trás.

E agora, paga por um pecado que não cometeu. Hoje é perseguido por ter praticado a heresia de dar uma carona a um jornalista maldito e que não pode ser “domado”, o qual veio em sua companhia até Capão da Canoa e Xangri-Lá, aproveitando uma carona, pois não tem automóvel. Não faz muito tempo, o nosso governo que não tem dinheiro para nada, jogou no colo dos barões da comunicação a apreciável soma de mais de noventa milhões de reais. Com tal volume de dinheiro se compra a simpatia de emissoras de rádio, televisão e jornais.

Mas hoje não se pode controlar a Internet. Os senhores dos pedágios que parece que estão tratando de negócios com o governo e em fase bem adiantada, jogam dinheiro em alguns sites. Há vários profissionais que mantém sites nos quais veiculam propaganda desse pessoal. Há os que veiculam faturando um dinheiro de forma honesta, pois afinal todos têm família e necessitam viver, mas que não malham e nem mesmo “vendem” a imagem dessas “empresas”. Há certamente algum ou alguns que vestem a camisa como se lhes pertencessem essas patrocinadoras. Nada tenho contra eles, pois cada um vive da maneia que lhes convenha desde que não atropele a lei e os seus semelhantes.

Pois o jornalista Vitor Vieira, editor do www.videverus.com.br e que aproveitou a carona do Tubino, fez interessante matéria sobre duas casas à venda e que pertencem a um brigadiano aposentado que já foi deputado estadual e hoje está no TCE. Inclusive foram por ele tiradas fotos da mais luxuosa das duas casas com o que ele contou com a gentileza de um policial civil lotado na DP de Xangri-Lá e que simultaneamente é empregado do referido político (caseiro).

Na oportunidade eu me encontrava no escritório de uma imobiliária e lá recebi a visita do Tubino e do Vitor. Já no início da semana o Tubino foi afastado de suas funções na administração da polícia e, por ordem do governo, instaurado um procedimento investigatório. 

Na segunda-feira da semana passada, dia 27/11, recebi um telefonema de um colega meu, Comissário de Polícia, o qual me convidava para ser ouvido no referido procedimento no dia seguinte, às 11 horas, na sede do Ministério Público, na vizinha cidade de Capão da Canoa.  Como nada tenho a esconder, compareci na hora marca, mas tive que esperar, pois o policial/servidor do referido político e sua esposa estavam sendo ouvidos.

Achei uma falta de respeito com o contribuinte, pois esses dois policiais que vieram tomar depoimentos chegaram  segunda-feira e só ouviram a mim e os caseiros na terça, logo isto custou ao contribuinte uma diária para cada um. Vieram num automóvel Chevrolet de cor verde e com placas discretas.

Estranhei o fato, pois para ouvir um funcionário da Delegacia de Xangri-Lá e a mim, poderiam ter passado, ou melhor, deveriam ter passado uma carta precatória via email ao Delegado de Polícia titular da DP de Xangri-Lá que teria feito tal sem ônus maior ao contribuinte. Confesso que até agora não consegui compreender a razão de tamanho desperdício do dinheiro, feito sem necessidade alguma. 

Quando chegou minha vez, isto lá pelo meio-dia, encontrei na sala o meu colega e uma Delegada de Polícia. Só então assinei um termo de intimação que me foi apresentado. Então perguntei à Delegada exatamente do que se tratava e obtive como resposta que ela de nada sabia, pois fora mandada apenas para me fazer uma pergunta.

Perguntou então se o Delegado Tubino estivera aqui no litoral investigando o tal conselheiro do TCE, ao que respondi que acreditava que não, pois o Vitor, editor do site já referido é que havia buscado dados para a matéria que veiculou, matéria excelente sob o ponto de vista jornalístico.

Em momento algum constou na mesma ser o conselheiro uma pessoa desonesta. Apenas foi questionado o valor de suas duas casas que somadas, passam de um milhão e meio de reais. Perguntou a Delegada se conhecia o Delegado Tubino ao que respondi sim.

Perguntou de onde o conhecia e respondi que ele havia sido Chefe de Polícia, sendo demasiado conhecido. Perguntou se somos amigos, ao que disse não, mas que temos um relacionamento como duas pessoas normais e que trabalharam na mesma atividade têm. Por último perguntou se sou amigo do Vítor Vieira, ao que respondi que o conheço. Perguntou-me então de onde.

Então expliquei a ela que edito o site www.paiadexangrila.com.br e que sou leitor do site dele pela excelência do mesmo, do qual eventualmente clipo algumas matérias. Perguntou-me ainda se o Tubino é o único honesto na polícia. Respondi que não, pois há outros dois. Perguntou-me quem seriam ao que respondi que o Corregedor, chefe dela e eu.

Tal pergunta e resposta não constou do termo de declarações, pois que informais. No encerramento perguntei se me seria fornecida uma cópia do depoimento ao que ela respondeu que tinha ordem para não fornecer.

Foi então que disse que não iria assinar o termo, a menos que constasse no mesmo que me seria remetida uma cópia via email. Com o que ela concordou e constou do termo que só então assinei. Ela anotou meu email e até este momento não recebi a cópia que me havia sido prometida.

Eis aí a razão do título deste artigo, “A Polícia do Estado a serviço do Governo”. Tal é lamentável. Mas é isto que está ocorrendo. Para minha sorte já estou aposentado, caso contrário estaria no meu pé também. E digo a vocês leitores que como policial que sou jamais pensei que minha instituição, a qual servi por mais de 30 anos, seria tão vergonhosamente usada em favor de interesses que não os de estado e da sociedade. Isto era comum durante a ditadura, mas hoje em pleno regime democrático, não acreditava que pudesse ocorrer, mas infelizmente está ocorrendo.

Eu ia esquecendo, mas é importante lembrar que há ainda pelo menos um deputado que também tem patrimônio demais de dois milhões de reais aqui na praia. Pelo menos de um eu sei. Seguramente se for feita uma pesquisa encontraremos outros. E não só deputados como de outros políticos.

Este litoral se bem vasculhado irá mostrar coisas indescritíveis. Houve, faz  alguns anos, a venda de um loteamento sem que tivesse sido registrado, o que constitui crime contra  a administração pública (Lei6766/79, artigo 50).

Os responsáveis foram processados e condenados, cumprindo pena. O processo correu em segredo de justiça. Parece que houve um recente lançamento que restou trancado, pois parece que o Prefeito teria revogado o Decreto. Aqui as coisas são assim e a grande imprensa não tem o menor interesse em divulgar, pois contraria interesses de grandes anunciantes.

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