Jayme José de Oliveira
Colunistas

A poluição dos plásticos – Jayme José de Oliveira

Os plásticos se tornaram substâncias tão importantes na vida moderna que nem podemos imaginar um mundo sem eles. Em contraponto são atualmente um pesadelo que se avoluma de maneira assustadora.

Sua estabilidade e resistência à desintegração, a grande vantagem que acabou sendo a escolha preferencial para a confecção de artigos os mais diversos, desde produtos usados na medicina, que salvam vidas ou as prolongam, tecidos que nos abrigam, embalagens confiáveis, de duração quase ilimitada, componentes na indústria de alta complexidade e até brinquedos que encantam nossas crianças e contribuem para a sua educação e entretenimento, são também uma causa de poluição extremamente preocupante pelo tempo que exigem para se decomporem.

A humanidade já produziu mais de 9 bilhões de toneladas deles e 80% são descartados em lixões ou, pior, vão parar nos oceanos onde levam séculos para se decompor e contaminam o planeta. No processo de decomposição transformam-se em fragmentos microscópicos que são danosos à vida, desde a marítima até a humana. Cada pessoa ingere ou inala uma média de 300 partículas diariamente. Ao longo de um mês, corresponde a 20 gramas.

Com toda a interação que um bebê tem com sua mãe, ele na realidade se desenvolve como se estivesse em outro planeta porque está separado da mãe pela placenta que funciona como um filtro poderosíssimo, controlando o fluxo de nutrientes e impossibilitando que os vírus e bactérias o agridam.

Dentro do corpo da mãe há dezenas de trilhões de micróbios, mas a placenta permite que se desenvolva num ambiente 100% estéril.

Uma das raríssimas exceções é representada pelos microplásticos.

Quando a gestante ingere esses fragmentos eles se espalham, chegam à placenta onde inibem um gene chamado ESRRG que controla o crescimento do feto, com isso o bebê pode nascer menor e corre o risco de desenvolver pressão alta, diabetes e doenças da tireoide ao longo da vida.

Os plásticos estão presentes em todos os lugares, até na neve dos Alpes e do Ártico.

Um estudo da Universidade de Newcastle analisou a quantidade presente nos peixes, mariscos, sal, cerveja, água, mel, açúcar e concluiu que cada adulto ingere em média 20 gramas de plásticos por mês. Eles já estão dentro de nós, 75% nas amostras de leite materno e 77% no sangue de voluntários confirmam.

A ONU assinou o primeiro acordo internacional de combate aos resíduos plásticos que inclui mais de 70 países e é o maior pacto ambiental desde o Tratado de Paris, criado em 2015 para tentar frear as emissões globais de CO2.

Os países signatários até 2024 para definir um cronograma de metas e averiguações. A União Europeia propôs a criação de uma série de leis que obriguem a reciclagem de garrafas e limitam o uso de plástico em embalagens as mais diversas.

Resíduos plásticos continuam poluindo o planeta, em cada ano a humanidade fabrica 400 milhões de toneladas dele que se somam às 9,2 de bilhões já produzidos. Segundo estimativa da ONU, apenas 10% do plástico é reciclado e 14% e incinerado para gerar energia.

Todo o resto vai parar em lixões e nos oceanos, onde leva centenas de anos para se decompor.

As esperanças para minimizar as consequências desse problema monstruoso está nas descobertas científicas que prometem revolucionar a reciclagem do plástico como ocorre com as latas de alumínio que, no Brasil, alcança a expressiva taxa de 98,7%.

Em coluna a seguir analisaremos iniciativas que prometem, se não eliminar o problema – tarefa impossível – ao menos minimizá-lo de forma efetiva.

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

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