A terra do nunca
Ou seja, nunca queremos mudar este estado de coisas, e conseqüentemente não crescemos. A fantasia que nos impõe de construções e mais construções de prédios nos da à ilusão de que estamos nos desenvolvendo, quando na verdade estamos apenas permitindo que o verão seja cada vez mais difícil, pela quantidade exorbitante de veranistas, superlotando os mercados, atravancando as ruas e, por milagre, ainda não tivemos um apagão ou a falta de água, visto que as obras de infra-estrutura não conseguem acompanhar a evolução de novas obras. Assim sendo aparentemente o nunca não é apenas uma figura de retórica, mas a realidade de nossa cidade.
E como não somos Peter Pan gostaríamos de crescer, oportunizar emprego para os habitantes e condições dignas para o maior número de cidadãos possível, coisa que parece que os Capitães Gancho, donos do poder não tem interesse de fazer. Enquanto Peter luta para manter em segurança os meninos perdidos, nossos governantes deixam a população ao Deus dará, não se importando com o número fantástico de lojas que fecham suas portas durante o ano.
A ilusão de que ainda se ganha dinheiro no verão faz com que pequenos comerciantes aluguem lojas a preço caríssimo, e gastem muito na decoração das mesmas. Quando o verão termina contabilizam o prejuízo e fecham suas portas, uma parte delas sem pagar o aluguel e o alvará, pela absoluta falta de condições financeiras.
Perde o lojista, perde o dono da loja e perde até o erário público, por deixar de receber o imposto. Vivemos ou não vivemos na terra do nunca?