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Área de Preservação Permanente ou a visão do caos

Fiquei muitos anos trabalhando fora do Estado. Nos finais de ano, quando vinha visitar os familiares e passar por aqui as festas, nunca deixava de visitar alguns amigos na borússia. Passear pelo morro, contemplar aqueles vales maravilhosos e sentir o cheiro da terra estão no meu rol de preferências. Adoro contemplar o morro e suas curvas sinuosas, seu verde esplendoroso e sua imponência.

Somos abençoados por termos a cidade plantada aos pés da Serra do Mar. A beleza da natureza e o ar puro têm seu preço. Precisamos aprender a conviver com a floresta e a preservá-la. Impossível, porém, é fazer vistas grossas ao que está ocorrendo logo ali depois da polícia rodoviária, em frente ao posto de gasolina. A ‘pedreira’ da Ribas está acabando com o morro. Da rodovia, e até mesmo da Estrada do Mar, é possível ver a dimensão que está tomando a cratera da mineração. A floresta, que deveria ser preservada, está sendo dizimada. Os vizinhos relatam histórias de derrubadas de figueiras, capororocas, e tantas outras árvores nativas que são, ou deveriam ser, protegidas por lei.

As explosões, outro capítulo à parte, desrespeitam horários de sono dos moradores, projetam pedras nas casas dos vizinhos do empreendimento e detonam com o leito de um riacho que havia no local que, ao seu final, encantava em forma de uma cachoeira resistente à devastação do homem. A cachoeira ainda volta a aparecer depois de grandes chuvas, já que o desvio planejado pelos peões da Ribas não resiste ao aumento do fluxo de água. A natureza mostra, vez por outra, a sua força.

Passeando pela estrada da Borússia, no rumo do Caará, neste final de semana, li com certo rancor uma placa, em frente a uma morada nova, que aquela área agora transformada em terreno onde alguém plantou a sua moradia, estava em fase de recuperação em razão de ‘processo civil’, e blá, blá, blá… Como é que a mesma floresta é área de preservação permanente quando quem desmata é o pequeno agricultor, e é área de livre destruição para os poderosos mineradores da Ribas??? Será pelo fato de que o pequeno produtor não tem condições de doar uma camioneta para a Patram ou para o Ibama?

Onde está o Ministério Público local, a Secretaria municipal de Meio Ambiente, a Patram, o Ibama e a Fepam que não percebem o tamanho da devastação que está sendo levada adiante na encosta do morro?? E se houver um desmoronamento, como os vários que estão aparecendo ao longo da encosta? Quem olha para o morro atrás da rural, logo ali no Nacional dá para conferir, vê o tamanho do rasgo provocado pelas chuvas. O que pode acontecer naquela cratera que a Ribas está abrindo? Pelo jeito que as coisas estão indo teremos uma fenda aberta ao longo de toda aquela área que nos permitirá olhar para o outro lado da Serra Geral. Uma mordida capitalista na ‘área de preservação ambiental’.

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