Argentina anuncia congelamento dos preços de combustíveis
Em entrevista à Agência Brasil, o ex-presidente da empresa de petróleo argentina YPF, Daniel Montamat, criticou a medida. “O congelamento é uma medida de conjuntura para controlar a inflação em ano eleitoral, mas prejudica a YPF, controlada pelo estado”. Montamat, que também exerceu o cargo de secretário de Energia, lembrou que “a YPF tem 58% do mercado de óleo diesel, 57% do mercado de gasolina Premium e 53% do mercado de gasolina super”.
Ele conta que há um ano o governo expropriou 51% das ações da YPF, que pertenciam a Repsol, alegando que a empresa espanhola não estava investindo em produção. A escassez de combustível levou a Argentina a gastar US$ 9,5 bilhões, em 2012, na importação de energia – quase a totalidade do seu saldo na balança comercial. Este ano, os gastos estimados eram de US$ 13 bilhões, mas um incêndio no início deste mês na refinaria da YPF, em Ensenada, prejudicou a produção local.
“A Argentina descobriu recentemente novas e importantes reservas, mas precisa de investimentos locais e estrangeiros para explorá-las e medidas como esta não ajudam”, disse Montamat. “As empresas aqui vão ter que vender combustível pelo mesmo preço até outubro, apesar de os custos de produção aumentarem – devido à inflação – e de termos que importar energia a preço de mercado”.
Em outubro, serão realizadas eleições legislativas na Argentina: a inflação e a insegurança estão no topo da lista das preocupações dos eleitores, segundo pesquisas de opinião. Oficialmente, a inflação na Argentina não passará de 11% este ano, mas segundo economistas independentes e sindicatos, o custo de vida aumentará entre 25% e 30% em 2013. Os aumentos salariais, no entanto, devem superar os 20%. Na Argentina, os aumentos são negociados entre empresários e sindicatos, mas precisam ser aprovados pelo Ministério do Trabalho.
Segundo Montamat, resolver a questão de escassez de energia na Argentina leva tempo e dinheiro. “A YPF calcula que tem que investir US$ 7,5 bilhões ao ano, durante cinco anos. Mas precisa de parceiros e estes só virão se houver uma política energética estável”.