As reflexões do fígaro

“Seu” André é um profissional do pente, da navalha e da tesoura. E, como todo bom barbeiro, há de ser versátil nas inumeráveis discussões que pautam o dia-a-dia de um salão: futebol, política, economia, mensalão, algumas, sim, verdadeiras “abobrinhas”, mas o fígaro (alô, alô, revisão: é fígaro, mesmo), do alto de sua sapiência, respeita o “gosto” e os limites de cada freguês e, precipuamente, os problemas da própria cidade em que, como a grande maioria de nós, “Seu” André é um honrado contribuinte.

O feriadão de 7 de setembro suscitou em minhas lembranças uma das tantas discussões ouvidas enquanto aguardava a vez: – o caótico trânsito e a mobilidade urbana de Capão da Canoa.

A Rua Marabá, cultuando o saudosismo de bucólico e distante balneário que já fora, há muito não guarda condições de trafegabilidade de veículos nos dois sentidos, sobretudo no quarteirão, onde se avista quase uma dezena de caminhões aguardando descarga nos depósitos de um supermercado.

As bicicletas, quando não displicentemente atravessadas na porta de acesso de uma loja, farmácia, agência lotérica ou dos Correios, trafegam sobre as calçadas e, quando nas pistas de rolamento, na contramão.

O pior de tudo – e este último feriadão deu apenas uma “palhinha” do que será na alta temporada de verão – é o nefasto estacionamento de automóveis em ambos os lados dos canteiros da Avenida Paraguassu. Uma afronta cabal ao mais elementar fundamento da lei do trânsito. É a maior agressão aos princípios básicos dos deveres do Estado para com seus cidadãos: a segurança à vida!

Não bastasse a transgressão aos códigos, motoristas não hesitam em utilizar até o ultimo centímetro disponível do canteiro, impedindo, por completo, a visão de quem, trafegando pela Avenida Paraguassu, deseja realizar a conversão à esquerda para ingressar nalguma das suas artérias transversais.
“Seu” André arriscou a sugestão: – permitir o estacionamento oblíquo (desde que observada a distância regulamentar das extremidades dos canteiros) e de ré, o que ensejaria menor risco e maior visibilidade ao motorista quando arrancasse.

Em contrapartida, manter-se-iam os pontos de táxis já existentes e o estacionamento ao longo das calçadas apenas para carga/descarga em frente a estabelecimentos comerciais.

Fiquei, naquele feriadão, pensando no “projeto” do Fígaro e concluí, salvo melhor juízo: – dá um cansaço e muito trabalho realizar projetos que exijam algum pensar; pode dar curto-circuito nos (quantos?) neurônios dos agentes públicos responsáveis pela engenharia do trânsito. O melhor, mesmo, é fazer ouvidos de mercador (para quem não sabe, esta expressão significa quando alguém fala, outro diz: certo, concorda e não faz nada).

Até que aconteça acidente com vítimas fatais!

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