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Ben Bernanke e John B. Taylor

A entrevista coletiva do presidente do Federal Reserve dos Estados Unidos, Ben Bernanke, na semana passada, deixou claro que a autoridade monetária americana tem dois objetivos bem definidos. O primeiro é a estabilidade dos preços e o segundo, não menos importante que o primeiro, é a recuperação da economia do país.

Porém, os especialistas se esforçam para decodificar e interpretar a condução da política monetária do FOMC (Comitê Federal de Mercado Aberto). Nos tempos de Alan Greenspan, havia uma leva de experts que buscavam conhecer o que de fato o Chairman estava querendo dizer. Laurence Meyer, um ex-membro do Fed, escreveu “[…] ler o livro das declarações e falas do Chairman (Greenspan) é como ler o livro infantil Onde Está o Wally?” Em síntese, nem sempre está claro se existe um único objetivo, ou se existem múltiplos objetivos a serem perseguidos.

Para tentar simplificar esta árdua tarefa, alguns economistas passaram a teorizar sobre a prática de regras de política monetária, ou seja, um plano ou processo sistemático objetivo de tomada de decisões com duração ilimitada. Nesse processo, os participantes do mercado observam as ações das autoridades monetárias e ajustam o seu comportamento conforme o entendimento que possuem da regra adotada.

O economista americano John B. Taylor, em 1993, conseguiu encontrar um método objetivo de avaliação das decisões de política monetária nos Estados Unidos. Taylor sugeriu uma regra em que tanto o produto real quanto a inflação possuem um papel importante na determinação da taxa de juros. Apesar de fixar dois pesos idênticos para a inflação e o hiato do produto, os resultados da “regra de Taylor” foram surpreendentes, pois foi possível perfazer a trajetória das taxas de juros americanas com relativo sucesso. Ben Bernanke, em uma de suas aparições no meio acadêmico, mostrou conhecer muito bem a regra de Taylor, inclusive mostrando como a regra se encaixa na política monetária atual.

Por fim, embora a regra de Taylor seja confiável quando estudamos a política monetária americana, ainda não há um consenso a respeito do funcionamento da regra nas demais economias mundiais. Salienta-se que na maioria das vezes os aspectos discricionários costumam se sobrepor aos explícitos. De qualquer maneira, a investigação sobre como modelar o comportamento dos Banco Centrais na condução da política monetária vem ganhando espaço na literatura internacional, e sua aplicação está sendo feita em vários países.

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