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Brasileiros estão gastando mais no exterior

A queda da cotação do dólar e o aumento de renda no país, mesmo com a recente alta da inflação, têm levado os brasileiros a gastar mais no exterior. Em contrapartida, o número de estrangeiros em visita ao Brasil permanece estável há três anos – cerca 5 milhões – segundo o Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur).

A contribuição para aumentar a quantidade de dinheiero gasto pelos visitantes decorre da desvalorização do dólar em relação ao real. “Embora o valor [do dólar] não nos seja  favorável, não estamos perdendo substancialmente número de turistas, com a vantagem de que são turistas mais qualificados, que gastam mais e ficam mais tempo [no país]”, disse o diretor de Estudos e Pesquisas da Embratur, José Francisco de Salles Lopes.

O diretor de assuntos internacionais da Associação Brasileira de Agentes de Viagem (Abav), Leonel Rossi, afirma que com o dólar mais baixo, o número de turistas estrangeiros de “baixa-renda” que compravam pacotes turísticos, com vôos fretados para  o Norte e Nordeste teve redução, mas não foi uma queda “muito significativa”. Rossi espera por um crescimento de 10% no número de turistas estrangeiros no Brasil neste ano. “O que precisa é de mais propaganda do Brasil no exterior”, afirmou.

Com o aumento dos gastos de brasileiros no exterior em menor nível que das receitas de estrangeiros no Brasil, a conta de viagens internacionais teve o maior resultado negativo registrado em 12 meses fechados em junho deste ano. De acordo com o Banco Central, que iniciou a série histórica em 1947, o déficit em viagens chegou a US$ 4,833 bilhões. Em 12 meses, as receitas da conta viagens ficaram em US$ 5,416 bilhões e as despesas de brasileiros no exterior, em US$ 10,250 bilhões.

Os números do Banco Central mostram que esse aumento das despesas de brasileiros fora do país é crescente nos últimos anos. De 2004 para 2005, as despesas cresceram de US$ 2,871 bilhões para US$ 4,790 bilhões, um aumento de 39,1%. Em 2006, o valor continuou a subir – US$ 5,764 bilhões – e chegou no ano passado a US$ 8,111 bilhões.

“Em primeiro lugar, a economia do país vai bem, as pessoas estão mais tranqüilas com seus salários e empregos e quando isso acontece, as pessoas têm mais dinheiro para fazer turismo e lazer. O outro item é o dólar”, explicou Rossi. Segundo ele, há três anos e meio, uma passagem de mil dólares custava R$ 3,3 mil reais. Essa mesma passagem atualmente custa cerca de R$ 1,6 mil.

As receitas (gastos de estrangeiros no Brasil) também crescem, mas em ritmo menor. Em 2004, o valor ficou em US$ 3,222 bilhões, e continuou a subir até chegar a US$ 4,953 bilhões, ao final de 2007.

Para o diretor da Embratur, mesmo com o déficit, há aspectos positivos. “A corrente cambial turística vem crescendo de forma exponencial. E há uma parcela dos gastos dos brasileiros que fica no país – nas empresas aéreas, agentes de viagens, operadores turísticos. Esse dinheiro que fica no país é muito importante para  economia”, argumentou.

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