Colunistas

Carta ao Papai Noel

Prezado Papai Noel, tudo bem? Estou escrevendo com um mês de antecedência para ver se o senhor atende ao meu pedido. Eu sou um investidor brasileiro, tenho foco, estratégia e diversificação de investimentos. Comporto-me muito bem nos pregões e rodadas de negócios. Acredito estar no padrão considerado ideal para ganhar presentes. Bem, o que eu quero mesmo? Não vou pedir dinheiro não, fica tranquilo. Dinheiro eu sei que não se consegue fácil. É necessário trabalho árduo.

Bom, não vou me enrolar. O senhor tem acompanhado as notícias do mercado financeiro? Espero que sim, é obrigação minha como bom investidor estar bem informado e obrigação do senhor entender o contexto das cartas de pedidos que recebe. Pelo que andei pesquisando, a Wikipedia disse que o senhor mora na Europa, é verdade? Mais precisamente nas montanhas de Korvatunturi na Lapônia, Finlândia, é isso? Aliás como está a economia da Finlândia? Pelo que andei lendo, não sei se é verdade (sabe como é a mídia) o contágio da crise das dívidas soberanas na zona do euro já chegou aí. O rendimento sobre os títulos da França e da Áustria já estão em forte trajetória de alta, assim como os da Holanda e da Finlândia, confere? Parece que só a Alemanha escapa. Aí vai meu primeiro pedido de presente: por favor, preserva a Alemanha. Se eles entrarem em crise, aí não sei como ficaremos! E o senhor perderá muita credibilidade.

Segundo pedido de presente: dá um gás na economia americana. O que foi o último PIB? A economia dos Estados Unidos cresceu no terceiro trimestre a uma velocidade um pouco menor do que o estimado anteriormente. Bom, o tímido acúmulo de estoques e a firmeza do gasto dos consumidores fortaleceram a visão de que a produção está aumentando no trimestre atual. Então, dá um gás neles. Não custa nada. Até onde eu sei, o senhor recebe muitas cartas dos americanos. É bom preservar os clientes, né?

E a China, hein? Eu sei que eles têm aquela postura anticapitalista e tal, mas na boa, é uma economia emergente, mola propulsora, merece um ânimo também. O senhor entende de commodities? Então, se o mercado deles enfraquece, e eles são grandes importadores de commodities, aí nós, brasileiros, produtores, ficaremos mal! E pensa comigo, com a economia chinesa forte o senhor ganhará mais clientes, poderá contratar mais renas, abrir capital, enfim, pensa nisso.

Meu outro pedido é um pacote. Sim, um pacote bem bonito, com vários planos e ideias consistentes para a Europa. Quero que o senhor entregue para a Angela Merkel, Christine Lagarde, Nicolas Sarkozy e outros figurões que o senhor considere importantes. Por isso eu perguntei se o senhor está bem informado, para saber pra quem mandar o pacote. Pensa bem, pois este pacote pode mudar o rumo do mercado financeiro atual. O senhor não pode falhar.

Acho que era isso, Papai Noel. Veja como fui altruísta. Não pedi nada para o Brasil, por que aqui o assunto é outro. Claro, nossa economia não está às mil maravilhas, mas bem mais consistente e resiliente. Espero que o senhor faça um bom trabalho neste Natal e considere bastante meus pedidos. Eu só não pedi a paz mundial porque as “misses” já fazem isso e espero, do fundo do meu coração, que o senhor um dia atenda a este pedido.

Yordanna Colombo
Área de Análise

Comentários

Comentários