Chuva de meteoros Tau Herculids terá pico na próxima semana
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Chuva de meteoros Tau Herculids terá pico na próxima semana

Na madrugada do dia 31 de maio, a chuva de meteoros “Tau Herculids” (ou Tau Herculidas) pode iluminar algumas partes do céu do Brasil.

Com pico previsto por volta das 2 horas da manhã (horário de Brasília), essa chuva de meteoros é resultado da fragmentação do cometa 73P/Schwassmann-Wachmann 3 (SW3).

No período de fins de maio ao início de junho, o planeta Terra estará passando pelo rastro dos detritos que o cometa deixou para trás em suas últimas passagens.

Conforme destacou o astrônomo Marcelo De Cicco, coordenador do EXOSS – projeto brasileiro de pesquisas de meteoros com colaboração do Observatório Nacional (unidade de pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações – MCTI), quem estiver no Hemisfério Norte terá uma visão privilegiada dessa chuva de meteoros. Enquanto isso, no Hemisfério Sul, o número de meteoros será menor do que o observado mais ao norte.

A expectativa é que a Tau Herculids seja uma chuva atípica com boa intensidade. Mas, segundo a Organização Internacional de Meteoros, é um problema tentar prever as taxas de meteoros por hora nesta chuva, principalmente porque a Terra nunca interagiu com essa trilha de detritos antes. As previsões mais otimistas indicam que pode haver de 140 a 1.400 meteoros por hora. No entanto, isso não é garantido:

“Não é possível predizer com precisão. Pode ser que nada aconteça, pode ser que seja uma chuva fraca, intensa e até mesmo uma tempestade de meteoros”, diz de Cicco.

Segundo o astrônomo, para melhor visualização desta chuva, com sua possível hiperatividade, no dia do pico, recomenda-se que os habitantes do hemisfério Sul mais próximos ao equador, como nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, fiquem atentos à direção Noroeste a partir das 1h55 da manhã (horário de Brasília), pois, de acordo com cálculos de diferentes especialistas, a possibilidade de uma intensa chuva poderá ocorrer entre 1h55 e 2h10 da manhã.

E, diferentemente do que houve na chuva de meteoros Líridas, a lua não afetará a visibilidade:

“A Lua estará na fase Nova, portanto, não atrapalhará a visibilidade desses meteoros que serão, em sua maioria, menos brilhantes que o usual por conta de sua baixa velocidade de entrada em nossa atmosfera”, destacou De Cicco.

Ainda segundo o astrônomo, habitantes mais ao Centro, Sul e Sudeste do Brasil não estão numa posição favorável para observar esta possível chuva intensa, ao contrário de moradores mais ao Norte e Nordeste do país, que terão uma visibilidade mais privilegiada por conta da altura do radiante no momento do pico:

“As latitudes próximas a cidade de Manaus e logo acima dela serão as que terão melhor posição para testemunhar esse possível espetáculo, raro e inspirador! Também, recomendamos, que procurem um lugar bem escuro, afastado das luzes de cidades grandes, em um local seguro, para curtir este fenômeno astronômico”, completou.

Embora nem todos possam ver a chuva de meteoros, o cometa parental da chuva – o 73P/Schwassmann-Wachman – poderá ser visto através de telescópios amadores de médio porte a partir do fim de agosto.

“O cometa estará transitando na constelação de Leão, bem visível do Brasil no período da noite, com magnitude prevista em torno de 15, já no fim de maio. Vale a tentativa de observá-lo ou mesmo fazer boas imagens dele, quem possuir bons dispositivos de astrofotografia acoplados”, destacou de Cicco.

A história do cometa SW3

Em 1930, os observadores alemães Arnold Schwassmann e Arno Arthur Wachmann descobriram um cometa que passou a ser conhecido como 73P/Schwassmann-Wachman 3”, que orbitava o Sol a cada 5,4 anos.

O cometa não foi visto novamente até o final da década de 1970 e parecia relativamente “normal” até 1995. Naquele ano, os astrônomos perceberam que o cometa havia se tornado cerca de 600 vezes mais brilhante. Com isso, passou de uma mancha fraca para ser visível a olho nu durante sua passagem.

Após uma investigação aprofundada, os astrônomos perceberam que o cometa havia se partido em várias partes, preenchendo seu próprio rastro orbital com detritos. Quando o SW3 passou novamente, em 2006, havia se dividido em quase 70 pedaços. Desde então, o objeto segue se fragmentando.

Caso esses fragmentos possam ser vistos no final de maio, eles atingirão a atmosfera da Terra com uma velocidade de cerca de 16 quilômetros por segundo, considerada lenta. No entanto, neste ano, o radiante da chuva de meteoros – ponto no céu de onde os meteoros parecem originar – estará alto no céu noturno no horário de pico previsto no Hemisfério Norte. Assim, é possível que a visualização da chuva seja favorecida naquela região, diferentemente da visibilidade no Hemisfério Sul que será menos intensa.

“Por conta de uma certa indefinição da posição orbital dos outros pedaços do cometa SW3, recomendamos que sejam feitas observações no período de 28 de maio a 1º de junho, sempre de madrugada, com possibilidades de assistirmos ainda muitos meteoros vindo da direção Noroeste, próximos ao radiante da Tau – Herculids”, acrescentou de Cicco.

O que são meteoros e  chuvas de meteoros?

Os meteoros são pequenos corpos celestes que se deslocam no espaço e entram na atmosfera da Terra, queimando parcial ou totalmente devido à ablação com a atmosfera terrestre e ao contato com moléculas de oxigênio. Este fenômeno deixa um risco luminoso no céu, que é popularmente chamado de “estrela cadente”.

Uma chuva de meteoros ocorre quando vários meteoros passam pelo céu noturno partindo aparentemente de um mesmo ponto: o radiante.

De acordo com Marcelo de Cicco, o estudo das chuvas de meteoros permite estimar a quantidade e período de maior penetração de detritos e restos vindo dos fluxos de meteoroides que nosso planeta periodicamente atravessa. Além disso, a partir do estudo das propriedades dinâmicas e físicas dos detritos é possível compreender melhor o nosso Sistema Solar, caracterizando seus corpos genitores, os cometas.

Observatório Nacional

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