Focos se propagam nas camadas de húmus ou turfa, abaixo do solo, muitas vezes não apresentam chamas e são de difícil detecção - Foto: Ascom Sema
Comitê traça estratégias para combater incêndio na APA Banhado Grande
Focos se propagam nas camadas de húmus ou turfa, abaixo do solo, muitas vezes não apresentam chamas e são de difícil detecção – Foto: Ascom Sema

A primeira videoconferência do Comitê de Prevenção e Combate a Incêndio na Área de Proteção Ambiental Banhado Grande (APABG) aconteceu nesta quinta-feira (23/4). O grupo foi criado por iniciativa da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), a partir da Portaria Sema Nº 65/2020, com o objetivo de unir esforços entre as secretarias de Estado e diferentes entidades em ações estratégicas no combate ao fogo que atinge a APA, localizada entre Glorinha, Gravataí, Viamão e Santo Antônio da Patrulha.

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A Área de Proteção Ambiental Banhado Grande está localizada entre Glorinha, Gravataí, Viamão e Santo Antônio da Patrulha – Foto: Ascom Sema

Durante a reunião, os participantes puderam acompanhar o avanço dos trabalhos que foram feitos até agora e do incêndio que se alastra lentamente pela superfície e pelo subsolo desde 5 de abril. De acordo com o diretor do Departamento de Biodiversidade da Sema, Diego Pereira, o fogo subterrâneo é um fenômeno raro no país. Os focos se propagam nas camadas de húmus ou turfa, abaixo da superfície do solo, muitas vezes não apresentam chamas e são de difícil detecção.

“Um agravante é a estiagem. Onde devia ter banhado, pisamos em solo completamente seco, com áreas que detém até um metro de camada de turfeiras. Quando combatemos na parte aérea, o incêndio permanece no subsolo e às vezes não conseguimos identificar a fumaça”, reforça Pereira.

Dos cerca de 4,5 mil hectares de área que compreende o Banhado Grande e o Banhado Chico Lomã, mais de 830 hectares já foram queimados, segundo a gestora da APA, Letícia Vianna. Um drone com infravermelho está auxiliando na detecção dos focos de calor.

Os trabalhos por terra são realizados por cerca de 20 bombeiros com soprador e abafador, além de pulverizador. Um helicóptero da Polícia Civil com bolsa de água também vem sendo utilizado.

Com o comitê formado, outras entidades vão se unir à força-tarefa, entre elas o Instituto Chico Mendes (ICMBio), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) e o Exército, com o incremento de recurso humano.

“Há uma grande dificuldade em se combater as chamas sem ser manualmente, e outro agravante é o desgaste das pessoas que atuam, visto que o local é de difícil acesso, sem possibilidade de utilizar veículo por terra, necessitando, em alguns focos, de oito quilômetros de caminhada. A participação do Exército será primordial para ter mais gente na linha de frente”, enfatiza o titular da Sema, Artur Lemos Júnior.

A secretaria mapeou todos os equipamentos e materiais disponíveis para auxiliar nos trabalhos, como pás, helicópteros e retroescavadeiras.

Nos próximos dias, serão construídas faixas de aceiros em pontos estratégicos, uma técnica comum utilizada no combate a incêndios.

Produtores da região se colocaram à disposição para ajudar na colocação das barreiras. Os técnicos da secretaria estão atentos aos impactos à flora, à fauna e possíveis prejuízos à população. O Ministério Público Estadual irá acompanhar e orientar as ações.

A videoconferência contou com a presença do secretário da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, Covatti Filho, do secretário de Logística e Transportes, Juvir Costella, do secretário-chefe de Gabinete, Paulo Ricardo Morales, do promotor de Justiça Daniel Martini e outros integrantes do Ministério Público. Também participaram da reunião representantes da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), da Brigada Militar, do Corpo de Bombeiros Militar, da Defesa Civil, da Polícia Civil e do Ibama, além de diretores e técnicos da Sema.

A APA Banhado Grande é uma das 23 unidades de conservação estaduais. A equipe da Sema acompanhará a recuperação dos ecossistemas de banhados para que as condições da flora sejam restabelecidas depois que o incêndio for totalmente extinto.

Vanessa Trindade

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