Conheça o fenômeno meteorológico que causou destruição e morte no RS
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Conheça o fenômeno meteorológico que causou destruição e morte no RS

O temporal que atingiu parte do Rio Grande do Sul deixou uma jovem de 26 anos morta, dezenas de feridos e muita destruição, na noite dessa quarta-feira (15), em Giruá.

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Segundo a MetSul, o sistema responsável pelos temporais tem um nome pouco conhecido do público, mas que é sabido e estudado há muito tempo por meteorologistas do Brasil e do exterior pelo seu alto potencial de impactos.

Trata-se do Complexo Convectivo de Mesoescala, ou um CCM.

O que é um Complexo Convectivo de Mesoescala? Trata-se de um grande aglomerado circular e de longa duração de nuvens muito carregadas, de grande desenvolvimento vertical, que podem atingir de dez a vinte quilômetros de altura.

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Estes aglomerados são identificados a partir de imagens de satélite, e costumeiramente provocam chuva forte a intensa e tempestades.

O nome complexo decorre do fato de serem muitas áreas de tempestade reunidas em um mesmo sistema e que podem provocar chuva volumosa e tempestades fortes a severas de vento e granizo, não raro com fenômenos mais extremos como tornados e microexplosões atmosféricas.

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Estes sistemas ocorrem em vários continentes, como na América do Norte, Ásia, Europa e África.

Na América do Sul, de acordo com a literatura técnica, ocorrem alguns dos CCMs mais intensos do mundo, e tendem a se formar entre o Norte e o Nordeste da Argentina, o Paraguai e o Sul do Brasil.

O Paraguai, em especial, costuma registrar uma frequência altíssima deste tipo de fenômeno.

Como se formam estes CCMs? Um número de tempestades individuais se desenvolve numa região onde as condições são favoráveis para convecção (movimento ascendente do ar). No estágio de formação, que é o mais perigoso e com maior propensão para as tempestades severas, vários núcleos de tempestade se fundem.

Estes complexos convectivos ocorrem sob uma atmosfera quente e úmida, por isso é um fenômeno comum em meses da primavera e do verão enquanto no outono e no inverno são muito menos frequentes. Normalmente, ocorrem em dias muito quentes e com fortes abafamento.

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Normalmente, estes sistemas enormes de tempestade se formam no período noturno, especialmente a partir do fim da tarde e o começo da noite, e enfraquecem ou se dissipam no dia seguinte. Estudos mostram que o ciclo de vida de um CCM tem seu horário de máxima extensão durante a madrugada na grande maioria dos casos observados.

As células iniciais de instabilidade que costumam preceder a sua formação se originam ainda de tarde ou no início da noite, dando-se durante o período noturno sua gênese e o máximo de força. O fim de um CCM habitualmente se dá na manhã do dia seguinte a sua formação, via de regra por volta do meio-dia.

A atmosfera quente, úmida e instável é a marca do perfil do tempo em que ocorrem estes complexos convectivos. A atmosfera estava tão úmida na noite de ontem, quando do complexo convectivo que gerou o tempo severo na Metade Norte gaúcha, que Porto Alegre tinha neblina e Santa Maria nevoeiro com visibilidade de apenas 300 metros, mesmo com a temperatura entre 21ºC e 22ºC.

Muitos estudos afirmam que a presença de uma corrente de jato em baixos níveis da atmosfera tem papel fundamental na formação de CCMs nas latitudes médias da região subtropical da América do Sul. Estes corredores de vento trazem ar quente e úmido que geram as condições para a formação dos aglomerados de tempestade.

Na noite de ontem, uma corrente de jato (vento forte) em baixos níveis da atmosfera, entre 1000 e 1500 metros de altitude, se estendia da Bolívia até o Noroeste gaúcho e trazia o ar muito quente e úmido da Amazônia que alimentou a formação explosiva da tempestade.

A atmosfera, ademais estava quente, com temperatura em 850 hPa (nível de 1.500 metros de altitude) de 19ºC no Noroeste gaúcho às 21h. A corrente de jato trazia o ar muito quente do Centro-Oeste, do Paraguai e da Bolívia, onde as máximas têm por dias excedido os 40ºC com uma excepcional e histórica onda de calor.

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