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Corrupção no DETRAN/RS

A Polícia Federal desencadeou no Rio Grande do Sul a “Operação Rodin” que está desmantelando uma quadrilha de “bandidos do colarinho branco”, eis que formada por políticos, empresários, e membros de uma Universidade Pública. As informações dão conta de que treze pessoas foram encarceradas, entre eles o atual e o anterior presidente do órgão de trânsito, sob acusação de terem desviado mais de R$ 40 milhões do DETRAN (Departamento Estadual de Trânsito).

Os relatórios iniciais de investigação revelaram que eram desviados cerca de R$ 500 mil reais por mês, em pagamento de propinas, em troca do contrato de prestação de serviços da FATEC (Fundação de Apoio a Tecnologia e Ciência), ligada à Universidade Federal de Santa Maria, que seria responsável pela avaliação teórica e prática da habilitação de condutores de veículos, sendo que o dinheiro seria proveniente do superfaturamento dos serviços da fundação e do alto valor cobrado pela Carteira de Habilitação.
 
A notícia causa perplexidade à sociedade, não só pelo desvio de dinheiro público dos combalidos cofres estaduais, mas especialmente, porque neste caso, não são os excluídos e os marginalizados que estão ocupando as páginas policiais, mas sim “homens de bem”, que se situam perfeitamente dentro da margem social, e se acham superincluídos na comunidade gaúcha.
 
Neste momento em que a Governadora Yeda tenta aprovar um pacote que prevê aumento de impostos, fica muito difícil convencer a população, os empresários e o funcionalismo público a darem uma quota ainda maior de sacrifício, quando dentro do núcleo político de sustentação ao Governo estadual existe esta sangria desatinada e criminosa dos recursos públicos.
 
Comungo das idéias do grande Juremir Machado, que em sua crônica publicada no Correio do Povo do dia 13-10-2007, constata, com sua peculiar ironia, que depois destas roubalheiras no Detran, e nos selos da Assembléia Legislativa, o Rio Grande finalmente, e com grande atraso, acerta o passo com o resto do País, e entra em definitivo na esteira das grandes corrupções no serviço público. Chega de tanto ufanismo. Encaremos o espelho com humildade, e reconheçamos que não somos os melhores, nem mais politizados, nem mais ricos, nem mais alfabetizados, nem mais machos, nem mais honestos. Somos apenas brasileiros!

Por derradeiro, deixo uma última reflexão aos leitores: Qual o motivo que leva pessoas com alto padrão cultural, social e econômico a cometerem delitos contra o patrimônio? Será que são diferentes dos gatunos e arrombadores que superlotam os nossos presídios?

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