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Crime e psiquiatria forense

Não foram os meios de comunicação, sequer a malfadada imprensa sensacionalista, ou a comoção de que todos os brasileiros de bom senso foram tomados que lavrou a sentença de culpa de Alexandre Nardoni e de Ana Carolina Jatobá pelo assassinato de Isabella Nardoni; muito menos o despacho do juiz Maurício Fossen, em que aceitou integralmente a denúncia contra o casal, e que a defesa, ardilosamente, atribui prejulgamento.

Não! A atitude comportamental dos indiciados, desde o momento em que a tragédia se tornou conhecida, foi, nada mais, nada menos, do que confissão de culpa.

A psiquiatria forense dá essas luzes, através do que prelecionaram os grandes mestres: o pioneiro. Emílio Mira y López; Jorge Sobral; e Eugenio Garrido Martín, ao que as famílias Nardoni e Jatobá, hipocritamente, tentam encobrir.

Os obstáculos que os Nardoni – pai e irmã de Alexandre – se propuseram, desde os primeiros momentos, ao trabalho pericial, sobretudo, a adulteração das provas, são flagrantes testemunhos de que sabiam a verdade e pretenderam desviar o foco da culpa da barbárie.

O teatral desempenho de Alexandre e Ana Carolina em entrevista concedida ao programa Fantástico, na noite de domingo, 20 de abril, é um show da demonstração cabal de suas culpas. A manifestação de quem, se verdadeiramente inocente, perde uma filha de apenas 5 anos, é a da compunção e da mais lancinante dor; a preocupação primordial é a de narrar todos os acontecimentos da fatídica noite, colaborando incondicionalmente com a polícia  e dela exigindo a imediata solução. O que se viu, foi um arquitetado dramalhão em que a madrasta, insistentemente, enfatizou, na quase totalidade da entrevista, a harmonia familiar e o seu amor à enteada como se mãe fosse. Ora, se verdadeiramente amparada pelo véu da inocência e do genuíno amor à Isabella, Ana Carolina, sob o ponto de vista psicológico, não teria aquela postura. Quando, cinicamente, ela narrou que recortava e colava borboletas nas paredes do quarto da menina, Alexandre ria e dobrava a manga de sua camisa para uma melhor estética!!!

O choro compulsivo de Ana Carolina jamais fora de remorso ou arrependimento, e sim, da consciência e do temor que lhe assaltaram do que estava vivenciando e das conseqüências legais que lhe advirão.

A prova cabal da culpa de ambos, ainda explicada pela psicologia forense, foi a negativa de participarem da reconstituição, levada a efeito somente no dia 4 de maio. Se inocentes, não apenas teriam dela participado, como, acima de tudo, exigido que a mesma se realizasse a poucos dias após o crime.

Na relação do casal Nardoni, a equação que se descortina é a de que Ana Paula está para Alexandre, assim como o dominador está para o dominado. Alexandre exercita uma cega idolatria e apaixonada obediência à sua mulher e, como tal, não apenas referendou, consumou a tresloucada agressão iniciada por Ana Carolina, jogando Isabella do alto de um sexto andar.

Resta, apenas, uma única pergunta e que resposta alguma a justificará: o que Isabella cometeu para desencadear tão duradoura e desenfreada raiva de Ana Carolina?

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