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Crise leva noivos a gastar menos na hora de casar

A palavra tem apenas três letras, mas dizer “sim” no altar tem seu preço e, em tempos de crise financeira internacional, há quem pense bem antes de casar.

Em São Paulo, alguns prestadores de serviços para casamentos já sentem os efeitos da crise em seus negócios, é o caso do coral Allegro: entre os meses de setembro e dezembro, diminuiu muito a procura por orquestras e cantores para cerimônias de casamento.

“Normalmente, os noivos pesquisam com oito a 12 meses de antecedência. Entre setembro e outubro a procura caiu. Mas é agora que estamos sentindo a crise”, explicou Renato Misuik, maestro e proprietário do coral. Atualmente, os casais que chegam ao coral já perguntam primeiro pelo preço, que começa a partir de R$ 900.

“Eles tentam diminuir os gastos, já chegam falando da história de crise para gastar menos”, afirmou. Fernando Deodato, que trabalha com aluguel de carros para noivas, viu que o seu negócio registrou uma queda desde o começo da crise. Ele disse que antes da crise fazia 40 casamentos por mês, mas, agora, o número caiu para 30.

“Alguns casais pedem apenas os serviços do motorista, para economizar”, contou. Segundo Deodato, as noivas estão pechinchando mais. “Ou elas tentam dividir ou pagar à vista, desde que tenha um bom desconto”, afirmou.O pagamento facilitado foi a solução que Lurdes Lemos, gerente de uma loja de vestidos da tradicional Rua São Caetano, encontrou para continuar vendendo.

“Até setembro o máximo de parcelas que eu fazia eram seis. Hoje, se não for em dez, não vendo”, afirmou. Ela explicou que antes as noivas compravam o vestido que mais lhe agradavam. Agora procuram pelo o de melhor preço. “Hoje as clientes já chegam com o orçamento.

Elas podem até amar o vestido, mas se estiver fora do preço que podem pagar, não levam”, informou. Em média, os vestidos são vendidos a R$ 1.800. “Mas às vezes tenho que dar um desconto de R$ 100 para não perder a venda”.Há 12 anos no mercado, Rodrigo Plaça, organizador de casamentos, afirmou que as pessoas não deixam de se casar por causa da crise porque normalmente se planejam bastante, fazendo uma poupança.

“A crise afeta o nosso mercado como afeta a todos, mas as pessoas não vão deixar de casar por causa disso. As noivas costumam gastar sem dó porque o sonho não tem preço”, disse.A organizadora da ExpoNoivas, feira de casamentos que ocorre há 15 anos no eixo Rio-São Paulo, Mônica Freitas, afirmou que os planos dos casais só mudam quando um deles perde o emprego.

“Caso contrário, a noiva não desiste de fazer tudo do jeito que quer. Ela não vai deixar de entrar na igreja com um buquê de orquídeas só porque a flor é cara”, afirmou.A organizadora de cerimônias de casamentos disse à Agência Brasil que teve de reduzir o orçamento de um casamento porque o noivo, que era executivo em um banco, perdeu muito dinheiro com a crise.

“Eles acabaram por fazer algo mais intimista, uma cerimônia na residência e para poucos convidados que custou R$ 40 mil, muito menos que o primeiro orçamento”, disse.

A pesquisa de mercado tem sido um instrumento importante na hora de preparar o orçamento para a festa de casamento. Muitas noivas têm usado a pesquisa de mercado para saber quais, entre as empresas de eventos, praticam o melhor preço.

A fotógrafa Martha Lange disse que tem sido mais procurada para fotografar as cerimônias, desde que a crise atingiu o país, porque seus preços são mais em conta do que o das empresas renomadas.

“Como a noiva está sempre disposta a pagar o que for preciso para que sua festa seja boa, alguns profissionais mais experientes acabam cobrando até cinco vezes mais. Como trabalho com isso há três anos e cobro menos, as pessoas estão me procurando mais”, afirmou.

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