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Depois de protestos, ONU suspende ações no Norte do Haiti

A Organização das Nações Unidas (ONU) suspendeu as operações de ajuda no Norte do Haiti devido aos protestos violentos de haitianos contra os militares das forças de paz que atuam no país. Parte da população responsabiliza tropas do Nepal de ter começado a epidemia de cólera no país. A organização alegou que as manifestações prejudicam a ação dos funcionários que tentam combater a doença no país.

As informações são da BBC Brasil. Voos que levavam ajuda para a região foram cancelados, projetos de purificação de água e treinamento foram cortados. Alimentos foram saqueados ou queimados em um armazém da ONU. Pelo menos 1.039 pessoas morreram em decorrência da epidemia de cólera e 17 mil estão hospitalizadas, segundo o Ministério da Saúde do Haiti.

Muitos haitianos culpam os militares nepaleses da missão de paz da ONU no Haiti (Minustah) de levarem o cólera ao país. No último dia 15, um integrante da Minustah matou um manifestante que participava de um protesto em Cap Haitien, a segunda maior cidade haitiana. Há informações de que pelo menos 20 pessoas se feriram nas manifestações.

A ONU confirmou que o tipo de cólera verificado no Haiti é o mesmo existente no Nepal, mas diz não ter encontrado provas de que seus soldados sejam portadores da doença. Especialistas afirmam que as forças de paz da ONU que atuam no Haiti não têm respaldo popular, pois são vistas como face pública do governo.

O cólera é causado por uma bactéria transmitida por água ou alimentos contaminados, causando febre, diarreia e vômitos, levando à desidratação severa, e pode matar em 24 horas se não for tratado. Mas a doença pode ser controlada por meio da reidratação e de antibióticos.

Muitos haitianos não têm acesso à água potável, sabão e saneamento adequado. Há receio de que o cólera se espalhe pelos acampamentos de sobreviventes do terremoto ocorrido em janeiro, onde vivem 1,1 milhão de pessoas.

O presidente do Haiti, René Préval, pediu calma à população na terça-feira (16). Préval afirmou que as manifestações impedem que as pessoas recebam o tratamento adequado.”Desordem e instabilidade nunca trouxeram soluções para um país que atravessa momentos difíceis”, disse ele, em um pronunciamento transmitido em rede nacional.

Em seguida, Préval acrescentou que as manifestações atrapalham ainda mais a situação do país. “Disparos, atirar garrafas, [fazer] barricadas ou queimar pneus não vão nos ajudar a erradicar a bactéria do cólera. Pelo contrário, vai evitar que os doentes recebam os cuidados e que os remédios sejam distribuídos onde são necessários.”

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