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Divulgadas as letras e a ordem das apresentações da 21ª Tafona da Canção Nativa

Na próxima sexta-feira, dia 27, inicia a 21ª Tafona da Canção Nativa, durante a programação do 31º Rodeio Crioulo Internacional de Osório que ocorre entre os dias 25 a 29 de maio no Parque de Rodeios Jorge Dariva, em Osório. A ordem das apresentações das 12 músicas selecionadas do festival já foi feita através de um sorteio e serão intercaladas pelas duas linhas a Riograndense e a Linha de Pesquisa Litorânea.

A abertura do 31º Rodeio de Osório será realizada na próxima quarta-feira, dia 25, às 20h, próximo à cancha de laço, e vai contar com a apresentação da Galera da Rima e do desfile dos cavalarianos. A abertura da Tafona será realizada na sexta-feira, dia 27, no anfiteatro do parque, às 20h, e contará com o show da Galera da Rima.

O evento é uma realização da Prefeitura de Osório, mais informações na Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Turismo pelo telefone (51) 3663 8237. Confira as letras das canções e a ordem de apresentação:

01 – LEITURA

Letra: Eduardo Munõz e José Carlos Batista de Deus

Melodia: Carlos Madruga

Intérprete: Pirisca Grecco

Linha: Riograndense

Não é convite pra o sono,

Nem jujo pra solidão

O livro parece um sábio

Que aberto alonga a visão…

Estrada que a alma cruza

Sem nos deixar ir embora,

Janela onde a claridade

Não vem do lado de fora…

Ao mesmo tempo que lê

A gente pode ser lido,

Em um suspiro mais longo

E até no cenho franzido,

Num verso que cria asas

Nos traços de uma gravura,

Por vezes o  pensamento

Também permite leitura!

“Tá” no idioma dos potros

No faro dos rastreadores

Na entrega das partituras

Aos dedos dos tocadores…

Na mão que serve de guia.

Nos olhos que são ouvidos…

Quem lê o mundo em sinais

Sabe a razão dos sentidos…

Penso que o livro fechado

É a boca implorando voz

Igual aos sonhos da infância

Que se extraviaram de nós…

E as folhas amareladas

Denotam a preferência:

– A própria vida se engana

Ao ler pelas aparências…

Mais certa que a voz do rádio

É a previsão do homem rude

Sabe se chove ou se venta

Bem antes que o tempo mude

Sempre é tempo de aprender

Seja qual for a leitura…

– Riqueza que ninguém perde

A vida chama cultura!!

02 – DEMOROU JÁ CHEGOU!

Letra: Cristian Sperandir e Ivan Therra

Melodia: Adriano e Cristian Sperandir

Intérprete:  Graziela Pacheco

Linha: Pesquisa Litorânea

Demorou já chegou

Ta aí agora veio pra cantar

Demorou já chegou

Ta aí agora veio pra ficar

É o balanço da raça, o balanço da terra

Misturando e encantando esse mundo todo

Essa gente bonita trazida de longe

Fazendo cultura é o nosso povo

Tá na fala, na fé, na crença, no santo

Na arte de viver tudo misturado

Na Favela, na Vila e no Corredor

No centrão, na cidade e no filho que vem

Demorou já chegou…

Já chega de espera é o nosso momento,

Revendo os conceitos, trazendo bons ventos

Sentindo na pele o tambor batucando

Buscando um caminho prá ser mais humano

Tá na fala, na fé, na crença, no santo

Na arte de viver tudo misturado

Na Favela, na Vila e no Corredor

No centrão, na cidade e no filho que vem´

Demorou já chegou…

Estamos por aqui

Juntando o que Deus deu

Pra mostra que a igualdade está na diferença

É o que temos de bom

Acordes naturais, mutações transitivas,

É nossa a liberdade

E nós podemos mais!

Demorou já chegou…

03 – AMOSTRA GRÁTIS

Letra: Rodrigo Bauer/Amigo Souza/Pedro Jr.

Melodia: Amigo Souza

Intérprete: Flávio Hansen

Linha: Riograndense

Sou cantor Amostra Grátis, porque o mercado anda feio,

mando meu disco pras “rádio”, devolvem pelo correio!

Num programa de auditório, abri o peito pro pessoal,

nem no refrão tinha ido, chamaram os “comercial”!

Quando cruzo nas “triagem” fico muito emocionado,

embora sei que, no ensaio, já “tô” desclassificado!

Tenho só um troféu na estante, de quando a sorte ajudou;

nós “era” dois concorrente e o meu rival enfartou!

Que zebra, que urucubaca! Sou Cantor Amostra Grátis!

O meu cachê “tá” mais fraco do que bico de dez watts!

Desliguei a campainha que, pelo menos, assim

quem me procura se obriga a bater palma pra mim!

Só toco em churrascaria, é lá que faço o meu nome…

O dono diz que, me ouvindo, o povo até perde a fome!

De vez em quando um cliente, por bondade ou gentileza,

compra um CD e vai embora, deixando o disco na mesa!

O meu som, de tão antigo, eu já vendi pro museu…

Meu fã-clube “tá” deserto desde que a vovó morreu!

Nem mesmo pela Internet consigo fazer sucesso,

meu “blógue” faz quatro anos que não tem nenhum acesso!

Que zebra, que urucubaca…

Dei meu disco pra um amigo e ele agradeceu bastante,

mandou ampliar a capa e fez um banner gigante…

Eu fiquei muito faceiro com a propaganda gratuita

e ele botou na lavoura pra espantar as “caturrita”!

Estacionei lá no centro, quando desci do Corcel,

veio um homem pro meu lado com caneta e papel!

Estufei bem o meu peito pra autografar, exibido…

Era uma multa, que o carro “tava” em local proibido!

04 – TERRA DOS VENTOS

Letra e Melodia: Mário Tressoldi e Chico Saga

Intérprete: Grupo Chão de Areia

Linha: Pesquisa Litorânea

Vejo do morro a terra dos ventos

E lembro um tempo que já se foi…

Velho vapor na estrada de ferro

E antigos barcos chegando no porto.

Os flertes da vila nos bancos da praça,

Sonhar no cinema aos fins de semana,

Fazer serenata na noite de lua,

Jogar um capote na velha tafona.

O meu coração acordou um tambor,

Que fez marcação para o som da viola,

Na linda Borrussia cantei:-“Oilarai”

E no Morro Alto virei quilombola.

Osório é a terra que me faz cantar,

Estância da serra linda Conceição,

Osório dos ventos que fazem voar

Os sonhos que habitam a minha canção.

Osório é a terra que me faz cantar,

Estância da serra linda Conceição,

Osório dos ventos meu verso, meu lar,

É luz do futuro a girar em meu chão.

As Cavalhadas, os ternos de reis,

O maçambique com sua congada,

A procissão pra louvar o  Divino

Crinas ao vento a correr carreirada.

A terra em que moro foi berço do herói,

Que empresta o seu nome pra este lugar.

Ecoa nas margens das lindas lagoas,

Histórias que o vento me fez recordar.

A vida que sopra navega no tempo

Transforma a paisagem desta sesmaria

Embala a dança destes cata-ventos

E toda beleza se faz energia!!!

05 – EU CANTO APENAS O BARRO

Letra e Melodia: Lisandro Amaral e Guilherme Collares

Intérprete: Lisandro Amaral

Linha: Riograndense

Eu canto apenas o barro

que cai em pó das taperas…

que derramam muitas eras

onde cantando me agarro.

Repito a rima do barro

pois barro em barro serei.

Estou em mim e andarei

levando o canto senhor

com barro de parador

e o pó que um dia serei…

E ali serei batizado

benzido de sanga e luz…

nos quatro cantos da cruz,

fronteiriço  em meus herdados,

canto o meu tempo – soldado –

neste meu pago – partida

qual uma hóstia ungida

por barro de rancherio

cifra e milonga pariu

a quincha eterna da vida…

Nasci de um ninho de barro

e a ele volta meu sono…

urna de pampa e abandono,

sombreado umbu – meu sacrário.

Relíquia é o verso santuário

na sanga benta do tempo

onde bebendo lamentos

verti lanceiro e taquara

e agonizei nas coivaras

da força escura dos ventos!

O meu pranto viverá

em cada ser que arrepia…

quando a milonga nascia

já voejava o “chajá”,

voava algum chiripá

deixando lã nos atalhos

por cifra em barro eu espalho

o meu cantar couro cru:

(se o meu avô foi umbu

eu sou calhandra em seu galho)

Se sou calhandra que canta,

esta é a garganta que tenho!

Pois no barro de onde venho

há um clarim em levante,

hombridade itinerante

que faz parede e encerra

os frutos negros da guerra

pelo perdão no meu pranto

barro do campo eu levanto

pra reescrever minha terra

06 – GALHO SECO

Letra: Olgi Zauza Crejci

Melodia: Piero Ereno e Jean Kirchoff

Intérprete:  Analise Severo

Linha: Pesquisa Litorânea

Um simples fiozinho d’água,

pequeno leito, vadeia…

desviando pedras e areia,

tentando chegar ao mar;

Que nem eu – vazio de amores –

no rastro de uma saudade,

deixo mágoas e ansiedades

no intento de te encontrar.

Você disse ao ir embora:

“Um dia quando eu me for,

 cante sempre o nosso amor

em versos enamorados…”

Galho seco também chora

a seiva, as folhas e os ninhos,

que um dia os passarinhos

deixaram aos seus cuidados.

Na correnteza dos anos

vi os meus sonhos naufragando,

mas continuo esperando

atento à poeira da estrada;

Se a folha seca retorna,

saudosa, ao passar do tempo,

bailando nas mãos do vento,

como quem surge do nada.

Venha iluminar meu estro

nas sendas do coração,

dar vida à minha canção

ao me abraçar outra vez.

Na manhã ensolarada,

venha sorrir no meu ombro,

que seja sob os escombros

de um sonho que se desfez!

Mesmo que seja num sonho,

que Deus possa ouvir o grito

de quem mateia solito

e que o eco responda…

À tarde está tão bonita

para voltar a querência

antes que a noite e o silêncio

este ranchinho esconda.

07 – HA MUERTO FLORENCIO AYMAR

Letra: Martim César

Melodia: Paulo Timm

Intérprete: Maria Conceição

Linha: Riograndense

Yo tengo pena del mar

Que ya no verá a su amigo

Ha muerto Florencio Aymar

Y la tierra será su abrigo

Si ayer no más en las olas

Cruzó por el mundo entero

¿Cómo entender que es ahora

Un barco rumbo al entierro?

¡ Qué triste se queda el mar

Sin su canción en el viento!

Ha muerto Florencio Aymar

Del lado de acá del puerto

Te llora el llanto del mar

Y el niño que un día fui

Ha muerto Florencio Aymar

Mi padre…patria y país

Desde mi infancia aún te veo

Cruzando mares de tiempo

Fuiste mis alas de sueño

Después tan solo un recuerdo

08 – MARIA TERESA

Letra: Loreno Santos e Patrícia Ouriques

Melodia: Loreno Santos

Intérprete:  Loreno Santos e Mari Ramos

Linha: Pesquisa Litorânea

2 X

Rainha Ginga anda de vagá,

Que o Rei do Congo não pode avoá!

Maria Tereza, um reinado de história,

Rainha Ginga jamais esquecida,

Ela fez do trono seu mundo sua vida,

Raízes plantadas em nossa memória!

É um povo dançando, rufando tambor,

Num ritual,  em sua congada,

Manifestação com fé e amor,

Devoção à Rainha que foi coroada!

2 X

Rainha Ginga  anda de vagá,

Que o Rei do Congo não pode avoá!

Eles vão cantando pela rua afora,

dançantes  que  a todos encantam,

É a liberdade que neles aflora,

mostrando a fé nas quadrinhas que cantam!

Massacaias  no ritmo  maçambiqueiro,

Alegorias com sua beleza,

Ressoam na alma de um povo guerreiro,

Saudando a rainha Maria Tereza!

2 X

Rainha Ginga anda de vagá

Que o Rei do Congo não pode avoá

O negro, de vermelho e branco, cultua sua dança,

Pra que sua crença se multiplique,

É  festa de um povo que canta e não cansa,

É o rufar dos tambores de maçambique!

Obs.: Maria Tereza foi uma das mais conhecidas rainhas dos maçambiques de Osório. Faleceu com mais de cem anos de idade.

09 – COM OS PÉS NO CHÃO

Letra: Mauro Marques

Melodia: Dado Jaeger

Intérprete:  Maria Helena Anversa

Linha: Riograndense

Então estou aqui, assim, de novo.

Sou parte dessa espera de um talvez,

querendo desvendar os meus segredos,

que vão surgir dos medos, outra vez.

Será por teimosia ou por loucura?

Quem sabe, apenas, coisas de mulher?

Quem sabe é o resultado da amargura

da vida, que é tão dura quando quer.

E aqui estou de novo, feito tola,

no desconsolo de outra falsidade.

Mas quero ser feliz, muito feliz…

bem mais feliz do que a felicidade.

E eu sei que a dor não perde a validade…

e sei também que ainda ela me quer.

Conheço muito bem sua verdade…

não vou tratá-la feito uma qualquer.

E a vida?  A vida é ave de rapina.

Não cabe a mim buscar o seu sentido,

pois cada um já sabe a sua sina:

jamais cobrar-lhe o que não for devido.

10 – A MEMÓRIA DAS MÃOS

Letra: Telmo Vasconcelos

Melodia: Eduardo Monteiro Silva

Intérprete: Léo Almeida

Linha: Pesquisa Litorânea

Eu tenho a dança dos peixes

Na memória das minhas mãos

Os dedos riscados de redes

Nas manhas da embarcação

Lida puxada na areia

São marcas de água e magia

Persigo a luz das sereias

Faróis das noites sombrias

Me fiz guri canoeiro

Nos braços de Iemanjá

Saltando no nevoeiro

Curtido no sol da proa

Os meus brinquedos pescados

Vieram sempre no arrastão

Iscas e remos perdidos

Na safra do camarão

Na profissão de pesqueiro

A vida é feita na aguada

Ao vento de quem se larga

O pampa é a lagoa encantada

Canoa vem balanceando

Do peso da pescaria

Tainhas, bagres, corvinas

São frutos de todo dia

Na lagoa vou buscar

Fisgar o teu coração

Trago conchinhas e estrelas

E o brilho da lua cheia

No espelho dessa paixão

Primeira canção praieira

Que tem os resquícios do mar

Um mundo de água doce

Nos sonhos de navegar

Tambor de nega batendo

Jorge – Ogum na garantia

Quem parte leva esperança

Quem volta trás alegria

11 – GAIVOTAS

Letra: Olgi Zauza Crejci

Melodia:  Piero Ereno

Intérprete:  Juliana Spanevello e Piero Ereno

Linha: Riograndense

Duas gaivotas pequenas                      

buscam tatuíras na areia,

matam nativos anseios,

no doce afã de pescar.

É tão lindo nesta vida                    

fazer o que o peito sente,

como nós antigamente

correndo à beira do mar…

As gaivotas já se foram

feito aves de arribação,

mas um dia voltarão

revoando no azul do céu.

Voltes também para mim,

refazer meu paraíso,

devolver o meu sorriso

e os beijos que foram meus;

O tempo cruza ligeiro,

e é tão pequeno o meu sonho;

ver o teu olhar risonho

de arrebol em arrebol.

Curtir as ondas do mar,

bronzear numa brisa amena

os nossos rostos morenos

nos mesmos raios de sol.

Que importa os cabelos brancos

e as rugas de nossas mãos,

se toda a minha ilusão

é tornar, vê-la sorrir…

Vamos passear pela praia

andando devagarzinho

porque os nossos castelinhos      

já não sei mais construir.

12 – JUREMA E JUREMAR

Letra: Caio Martinez

Melodia: Adriano e Cristian Sperandir

Intérpretes: Adriana Sperandir e Caio Martinez

Linha: Pesquisa Litorânea

Jurema, moça brejeira

Da praia de São Simão

Casou-se com Juremar

Foi morar em Solidão.

Sua foi tão certeira

Com o nome do lugar

Pesqueiro ficava longe

Difícil de acostumar.

Jurema fazia tudo

De tudo pra não chorar

Rezava pro seu amado

Não dar linha pro azar.

Um dia enredou a rede

Jurema ficou sem par

Afundou feito uma pedra

Ninguém o pode encontrar.

A lágrima de Jurema

Não deixa a maré baixar

Quanto mais o tempo passa

Mais Jurema quer chorar

Iemanjá traga de volta

O pescador Juremar

Se não secar esse pranto

O mundo vai inundar

Jurema fica na areia

Contando as ondas do mar

à espera de uma garrafa

com carta de Juremar.

Depois de passados anos

Nunca parou de contar

Endoideceu pela praia

Sem a garrafa encontrar.

Dizem que a moça bonita

Rogou praga contra o mar

Vai e vem por toda a barra

Chorando de soluçar.

E o povo teme o feitiço

Reza pelo Juremar

Temendo que o mundo acabe

Se o pescador não voltar.

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